São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

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Panfleto liga deputado à Feira da Madrugada

Folhetos da campanha eleitoral dizem que Milton Monti fez lobby em favor de ambulantes

DANIELA LIMA
VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

Durante a campanha eleitoral do ano passado, o deputado federal Milton Monti (PR-SP) foi apresentado aos eleitores da Feira da Madrugada como o político que fez lobby no governo federal pela manutenção do terreno que abriga os 4.500 ambulantes sob a tutela do Ministério dos Transportes.
Os folhetos com pedido de voto para o dirigente do PR-SP foram assinados pela Comissão dos Permissionários do Complexo Novo Oriente de São Paulo, grupo informal chefiado pelo advogado Ailton Vicente de Oliveira, atual "administrador" da feira.
Oliveira é acusado de manter um esquema de pagamento de propina a políticos do PR, entre eles os deputados Milton Monti e Valdemar Costa Neto (PR-SP), para permanecer à frente do negócio. A corrupção seria financiada com a cobrança de taxas ilegais dos feirantes.
O PR chefia os Transportes desde 2003. A área da feira foi tutelada até 2010 pela extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal), ligada à pasta.
"Foi o deputado Milton Monti, vice-líder do governo Lula, que pediu ao Ministério dos Transportes para mantê-lo [o terreno] como reserva técnica operacional (sic)", afirma o documento.
"Se não fosse o deputado Milton Monti, o terreno da Rede Ferroviária Federal teria sido vendido a grupos econômicos", diz o texto.
A assessoria de Monti disse que ele só falará após apuração da Justiça. Oliveira diz que só autorizou a distribuição dos panfletos, pagos pela campanha do deputado.
Terrenos da RFFSA classificados como "reserva técnica operacional" foram mantidos pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), também ligado ao ministério.
Os classificados como "não operacionais", saíram do guarda-chuva dos Transportes para a SPU (Secretaria de Patrimônio da União), comandada pelo Ministério do Planejamento.

PREFEITURA
Após as eleições, em outubro de 2010, a gestão do terreno passou para a SPU, que o cedeu à prefeitura.
Depois disso, os feirantes afirmam que os pedidos de propina passaram a partir também de vereadores.
Ontem, boxes de um dos feirantes que denunciou o esquema foram alvo de apreensão. Funcionários da prefeitura apoiados pela Guarda Municipal apreenderam produtos de pelo menos 87 lojas.
À Folha o advogado do feirante, Jonas Marzagão, atribuiu a apreensão a uma "retaliação".
A assessoria da Secretaria Municipal de Segurança informou que os boxes eram "uma construção clandestina", sem alvará.
Questionada sobre por que todos os outros boxes, também em situação irregular, não foram alvos da operação, a assessoria da prefeitura apenas repetiu a informação anterior.


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