São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2010

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CPI pede indiciamento de Arruda e Roriz

Ex-governador do DF, atual candidato ao cargo e mais 20 são acusados de desvio de dinheiro público e formação de quadrilha

Relatório de comissão parlamentar diz que esquema funcionou por dez anos, a partir de 99, e financiou campanhas


FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

A CPI da Corrupção do DF aprovou ontem o relatório final que pede o indiciamento de 22 pessoas, incluindo o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) e o candidato ao governo Joaquim Roriz (PSC), pelo esquema de cobrança de propina e compra de deputados -conhecido como mensalão do DEM.
O pedido de indiciamento ainda envolve Paulo Octávio, vice de Arruda, e outros aliados do ex-governador. Os seis deputados distritais investigados pela Polícia Federal, contudo, foram poupados. "Não foram encontrados indícios de que qualquer deputado desta Casa recebeu propina para aprovar o Plano Diretor do DF", disse o relator, Paulo Tadeu (PT).
No total, a CPI aponta a prática de 17 crimes, como corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
"Nos governos de Joaquim Roriz e Arruda, as regras foram invertidas, e dispensava-se a licitação para facilitar a atuação dos grupos criminosos", diz o relatório, que segue: "Embora Arruda seja o símbolo, Roriz foi muito mais pródigo nos contratos sem licitação. A podridão do governo Arruda saiu das entranhas do governo Roriz".
O texto, que chama Arruda de "gestor de esquema nefasto de corrupção", teve aprovação unânime da comissão.
O documento afirma que o esquema começou no governo de Roriz, antecessor de Arruda e agora candidato a governador. Foram dez anos de desvio, entre 1999 e a Operação Caixa de Pandora.
A CPI estava parada havia dois meses. O relatório final segue agora para Polícia Federal, Ministério Público e Superior Tribunal de Justiça. Segundo a comissão, o esquema de desvio de dinheiro foi utilizado para financiar a campanhas de Roriz (2002) e Arruda (2006) ao governo.
A CPI apurou que o "orçamento da Caixa de Pandora", ou seja, quanto o governo gastou em contratos suspeitos, soma R$ 4,2 bilhões desde a gestão de Roriz.
Procurados, os advogados de Arruda não ligaram de volta. O coordenador da campanha de Roriz, Paulo Fona, afirmou que se trata de uma "jogada política": "Isso vem de um deputado do PT. A CPI ficou parada meses e agora aparece o relatório às vésperas da eleição".
"É um ato político e indecoroso de uma Câmara sem moral", afirmou o advogado de Paulo Octávio, Antônio Carlos de Almeida.


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