São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

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ANÁLISE

Atraso e falhas atrapalham "reality show" da política

KEILA JIMENEZ
DE SÃO PAULO

Vinte e três horas em ponto e o eleitor de plantão, a espera do debate da Record, é surpreendido por mais de dez minutos de atraso, preenchidos por "A Fazenda" e seus também famosos candidatos, disputando outros holofotes e um prêmio milionário.
Corte brusco no reality do momento e, em um cenário imenso, desses de programa de auditório, surgem os candidatos à Presidência separados por Celso Freitas, mediador de voz bem mais potente do que seu poder de intervenção no embate político.
Nem Dilma com casaquinho mostarda, muito menos Serra, com seu eterno azul. O azul caixa d'água trepidante do telão ao fundo do debate não favoreceria nem Gisele Bundchen.
Seja lá qual for a ideia de quem planejou o cenário (hipnotizar, mostrar modernidade, movimento) não funcionou.
O áudio perfeito e a iluminação sem surpresas não conseguiram salvar a cena que, para completar, ganhou cronômetro no alto da tela, lembrando game shows de Silvio Santos, no SBT.
A eficiência do cronômetro na tela não foi a mesma no usado pelos candidatos no debate.
Por vezes Serra foi interrompido por Celso Freitas ao anunciar o fim do tempo do candidato, sendo essas as poucas intervenções do jornalista no confronto, que chegou a esquentar em muitas ocasiões.
Quase nenhuma proposta, perguntas respondidas com acusações e um primeiro bloco quente, o encontro segurou a audiência da Record na casa dos 9 pontos de média -5 pontos a menos do que a audiência entregue por "A Fazenda".
Cada ponto corresponde a 60 mil domicílios na Grande SP. A rede ficou em segundo lugar em ibope no horário.

ATAQUES
Sem perguntas de jornalistas, o restante do debate foi marcado pelo enfrentamento direto dos candidatos, com temas como Paulo Preto, privatização, Sem-terra e José Dirceu usados como armas de ataque e, muitas vezes, como escudo.
Em alguns momentos, o reality show que antecedeu o debate parecia não ter acabado. Como participantes desses confinamentos de TV, Serra e Dilma não diziam porque deveriam ser eleitos, e sim tentavam se defender da eliminação eminente, com críticas não aprofundadas e troca de ofensas. Fuga inútil de um "paredão" eleitoral disputadíssimo.


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