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ANÁLISE
Atraso e falhas atrapalham "reality show" da política
KEILA JIMENEZ
DE SÃO PAULO
Vinte e três horas em ponto e o eleitor de plantão, a espera do debate da Record, é
surpreendido por mais de
dez minutos de atraso,
preenchidos por "A Fazenda" e seus também famosos
candidatos, disputando outros holofotes e um prêmio
milionário.
Corte brusco no reality do
momento e, em um cenário
imenso, desses de programa
de auditório, surgem os candidatos à Presidência separados por Celso Freitas, mediador de voz bem mais potente
do que seu poder de intervenção no embate político.
Nem Dilma com casaquinho mostarda, muito menos
Serra, com seu eterno azul. O
azul caixa d'água trepidante
do telão ao fundo do debate
não favoreceria nem Gisele
Bundchen.
Seja lá qual for a ideia de
quem planejou o cenário
(hipnotizar, mostrar modernidade, movimento) não
funcionou.
O áudio perfeito e a iluminação sem surpresas não
conseguiram salvar a cena
que, para completar, ganhou
cronômetro no alto da tela,
lembrando game shows de
Silvio Santos, no SBT.
A eficiência do cronômetro
na tela não foi a mesma no
usado pelos candidatos no
debate.
Por vezes Serra foi interrompido por Celso Freitas ao
anunciar o fim do tempo do
candidato, sendo essas as
poucas intervenções do jornalista no confronto, que
chegou a esquentar em muitas ocasiões.
Quase nenhuma proposta,
perguntas respondidas com
acusações e um primeiro bloco quente, o encontro segurou a audiência da Record na
casa dos 9 pontos de média
-5 pontos a menos do que a
audiência entregue por "A
Fazenda".
Cada ponto corresponde a
60 mil domicílios na Grande
SP. A rede ficou em segundo
lugar em ibope no horário.
ATAQUES
Sem perguntas de jornalistas, o restante do debate foi
marcado pelo enfrentamento
direto dos candidatos, com
temas como Paulo Preto, privatização, Sem-terra e José
Dirceu usados como armas
de ataque e, muitas vezes,
como escudo.
Em alguns momentos, o
reality show que antecedeu o
debate parecia não ter acabado. Como participantes desses confinamentos de TV,
Serra e Dilma não diziam porque deveriam ser eleitos, e
sim tentavam se defender da
eliminação eminente, com
críticas não aprofundadas e
troca de ofensas. Fuga inútil
de um "paredão" eleitoral
disputadíssimo.
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