São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010

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Relação com o PMDB foi tensa desde o início

DE SÃO PAULO

O domínio exercido pelo PMDB sobre o setor elétrico foi uma fonte de tensões para os petistas desde o início do governo Lula.
O assunto agitou uma reunião em que colaboradores do PT discutiram os rumos do setor em dezembro de 2002, a duas semanas da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O professor Ildo Sauer, que presidia o encontro, achava possível conviver com o PMDB se os petistas mantivessem rédea curta sobre as estatais do setor.
"Se elas se comportarem empresarialmente de maneira razoável e a taxa de transferência indevida de recursos for mantida sob controle, pode-se relevar", disse Sauer, segundo uma gravação feita na época e obtida pela Folha.
O líder do grupo, o físico Luiz Pinguelli Rosa, concordava: "Seria possível construir um bunker na Eletrobrás, para defender o planejamento [dos investimentos do setor]".
Insatisfeito com o andamento das negociações para a entrada do PMDB no novo governo, Lula escolheu Dilma Rousseff para o Ministério de Minas e Energia. Pinguelli virou presidente da Eletrobras e Sauer ganhou a diretoria de gás da Petrobras.
Dilma e Pinguelli discordaram sobre as mudanças que ela fez no setor elétrico e sobre a melhor maneira de gerir o orçamento bilionário da Eletrobras, que contribuía para o equilíbrio fiscal do governo e ajudava a financiar seus programas sociais.
Pinguelli deixou o governo em maio de 2004, pouco depois de uma reunião em que, na frente de dezenas de outras pessoas, Dilma repreendeu o então diretor financeiro da Eletrobras, Alexandre Magalhães, que ele levara para a estatal. Magalhães entregou o cargo e Pinguelli decidiu sair em seguida.
Pinguelli foi substituído por Silas Rondeau, um afilhado do senador José Sarney (PMDB-AP) que presidia a Eletronorte desde o início do governo. Em 2005, com o escândalo do mensalão e a transferência de Dilma para a Casa Civil, Rondeau foi para o Ministério de Minas e Energia.
Dilma ficou furiosa ao saber que Rondeau seria seu substituto, segundo um ex-colaborador que viu sua reação. Mas com o tempo eles se entenderam. Afastado do governo em 2008 por suspeita de corrupção, Rondeau tem até hoje uma cadeira no conselho de administração da Petrobras. (RB)


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