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Relação com o PMDB foi tensa desde o início
DE SÃO PAULO
O domínio exercido pelo PMDB sobre o setor elétrico foi uma fonte de tensões para os petistas desde
o início do governo Lula.
O assunto agitou uma
reunião em que colaboradores do PT discutiram os
rumos do setor em dezembro de 2002, a duas semanas da posse do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
O professor Ildo Sauer,
que presidia o encontro,
achava possível conviver
com o PMDB se os petistas
mantivessem rédea curta
sobre as estatais do setor.
"Se elas se comportarem empresarialmente de
maneira razoável e a taxa
de transferência indevida
de recursos for mantida
sob controle, pode-se relevar", disse Sauer, segundo
uma gravação feita na
época e obtida pela Folha.
O líder do grupo, o físico
Luiz Pinguelli Rosa, concordava: "Seria possível
construir um bunker na
Eletrobrás, para defender
o planejamento [dos investimentos do setor]".
Insatisfeito com o andamento das negociações
para a entrada do PMDB
no novo governo, Lula escolheu Dilma Rousseff para o Ministério de Minas e
Energia. Pinguelli virou
presidente da Eletrobras e
Sauer ganhou a diretoria
de gás da Petrobras.
Dilma e Pinguelli discordaram sobre as mudanças que ela fez no setor elétrico e sobre a melhor maneira de gerir o orçamento
bilionário da Eletrobras,
que contribuía para o
equilíbrio fiscal do governo e ajudava a financiar
seus programas sociais.
Pinguelli deixou o governo em maio de 2004,
pouco depois de uma reunião em que, na frente de
dezenas de outras pessoas, Dilma repreendeu o
então diretor financeiro da
Eletrobras, Alexandre Magalhães, que ele levara para a estatal. Magalhães entregou o cargo e Pinguelli
decidiu sair em seguida.
Pinguelli foi substituído
por Silas Rondeau, um afilhado do senador José Sarney (PMDB-AP) que presidia a Eletronorte desde o
início do governo. Em
2005, com o escândalo do
mensalão e a transferência
de Dilma para a Casa Civil,
Rondeau foi para o Ministério de Minas e Energia.
Dilma ficou furiosa ao
saber que Rondeau seria
seu substituto, segundo
um ex-colaborador que
viu sua reação. Mas com o
tempo eles se entenderam.
Afastado do governo em
2008 por suspeita de corrupção, Rondeau tem até
hoje uma cadeira no conselho de administração da
Petrobras.
(RB)
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