São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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Pressa encareceu obra do Rodoanel, afirmam empresas

Para garantir entrega no prazo para Serra, construtoras alegam que custo subiu; Estado diz que conclusão até abril era contratual

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

Empreiteiras do trecho sul do Rodoanel dizem que a obra ficou mais cara devido à necessidade de correr para conter os atrasos e entregá-la até abril -antes de José Serra (PSDB) sair do governo para ser candidato à Presidência.
Esse é um dos principais argumentos utilizados pelas construtoras para reivindicar da Dersa pagamentos extras que superam R$ 180 milhões.
Os pedidos à estatal foram formalizados de abril a junho, conforme documentos acessados pela Folha, e estão sob análise no governo. O Estado alega, porém, que esse prazo era contratual -obrigação delas, sob pena de multa a ser calculada.
A obra já teve um aumento em 2009 -mais de R$ 300 milhões, em valores atuais- e totaliza hoje R$ 3,3 bilhões.
As empreiteiras afirmam que chuvas atípicas provocaram imprevistos que afetaram os cronogramas.
Para conter atrasos, conforme pedido pela Dersa, dizem que tiveram de mudar o projeto original de terraplanagem e comprar pedra e asfalto em lugar distante, porque usinas e pedreiras previstas não conseguiriam produzir tudo de última hora.
O resultado final, segundo elas, é que os gastos aumentaram com novos materiais, maior quantidade de caminhões e de funcionários.
A tarefa de negociar com as construtoras para que a vitrine de Serra não atrasasse era do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto.
Ele ganhou projeção após ser citado por Dilma Rousseff (PT) em um debate -a petista disse, baseada na revista "IstoÉ", que ele teria desviado R$ 4 milhões destinados à campanha tucana. O engenheiro nega a acusação.
Serra fez a inauguração do trecho sul do Rodoanel um dia antes de sair do governo.

ASFALTO E PEDRA
Alteração citada por empreiteiras para conter atrasos foi definida com a Dersa em novembro. Ela incluiu a troca de terra e argila por cimento e rachão na camada final da terraplenagem.
A "providência foi tomada", segundo relato do consórcio formado por OAS/ Mendes Jr./Carioca, após "concluir" que era "a única maneira de viabilizar a entrega das obras no prazo fixado e em perfeitas condições técnicas e de segurança".
O consórcio formado por Odebrecht/Constran menciona também a elevação de gastos com asfalto e pedras.
A proposta original era que 91% da pavimentação fosse feita em 2009, mas "praticamente a totalidade desse serviço teve que ser executada nos meses de janeiro a março de 2010".
Como a usina de asfalto não tinha "capacidade para atender ao volume de repente demandado", segundo as empresas, foi preciso buscar usinas complementares, de 10 km a 85 km de distância.


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