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Promessas de debate em SP têm problemas
Candidatos ao governo do Estado citaram projetos inviáveis ou de difícil execução
DE SÃO PAULO
As promessas que os principais candidatos ao governo
de São Paulo fizeram no debate de anteontem à noite na
TV Globo são de difícil execução ou enfrentam problemas
técnicos, afirmam especialistas ouvidos pela Folha.
Alckmin, que lidera a corrida na eleição estadual, assumiu no debate o "compromisso" de conceder um aumento aos professores em índice acima da inflação. A proposta é viável, mas não condiz com o histórico de decisões do PSDB no comando do
governo estadual.
Já Aloizio Mercadante (PT)
afirmou que, se eleito, vai organizar concursos para substituir 100 mil professores
temporários.
Celso Russomanno (PP),
terceiro colocado, voltou a
afirmar que vai reduzir o preço dos pedágios, fazendo a
revisão de contratos com as
empresas que administram
rodovias estaduais.
Todas promessas enfrentam problemas, segundo os
especialistas. A de Alckmin,
por exemplo, embora seja
viável, é alvo de críticas.
"Basta ter vontade política
para isso, porque há dinheiro
no Orçamento. O problema é
que, olhando o histórico do
PSDB, você sabe que é difícil
eles cumprirem esse tipo de
promessa", afirmou Romualdo Portela, professor do Departamento de Economia da
Educação da USP (Universidade de São Paulo).
O sindicato da categoria
reivindica uma recomposição de 34,3% e informou que
o último reajuste, de 5%, foi
concedido em 2008.
A promessa de Mercadante, por sua vez, tem problemas de ordem prática.
"Parte-se do princípio que
esses professores que estão
contratados temporariamente já fizeram concurso e não
passaram. E quatro anos não
seriam suficientes para contratar 100 mil professores",
afirmou Portela.
O especialista aponta outra limitação para a proposta
do petista: a falta de profissionais no mercado. "O ideal
seria unir as duas propostas.
Aumentar o salário para tornar a profissão mais atrativa
e promover concursos. Mas
isso não é política de curto
prazo", apontou.
Já a promessa de Celso
Russomanno, que também
foi feita por Aloizio Mercadante, pode criar uma batalha jurídica entre o Estado e
as concessionárias das estradas estaduais.
"Para rever o contrato é
preciso provar que houve fato novo e imprevisível", afirmou o secretário-geral da
OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) nacional, Marcus
Vinícius Furtado Coelho.
"Se eles já foram fechados
prevendo as taxas praticadas
hoje, é claro que as empresas
poderão entrar na Justiça e
reivindicar que houve quebra de contrato. Tudo isso terá que ser negociado caso a
caso", disse.
(DANIELA LIMA)
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