São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011

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Lula suspende agenda e inicia tratamento

Médico do ex-presidente diz que ele poderá estar curado em quatro meses e não deverá ficar com sequelas na voz

Lula ficou abalado com diagnóstico, mas depois mostrou coragem; com medicação, ele deverá perder cabelo e barba

Paulo Whitaker/Reuters
Lula segura o neto em seu apartamento em São Bernardo

FLÁVIO FERREIRA
MARIANA SCHREIBER

DE SÃO PAULO
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva suspendeu sua agenda de compromissos pelos próximos três meses por conta do câncer que ataca sua laringe.
A expectativa é que a cura da doença ocorra após um tratamento de quatro meses, segundo Luiz Paulo Kowalski, um dos médicos da equipe do hospital Sírio-Libanês que cuida do ex-presidente. Segundo ele, as chances de sucesso são de 80% a 90%.
Por conta dos efeitos colaterais da medicação, Lula perderá o cabelo e também sua característica barba, que cultiva desde jovem. Além disso, pode perder peso e sentir enjoos, além de ter problemas gástricos.
O médico disse à Folha que o câncer do ex-presidente tem como causas o tabagismo (ele só parou de fumar há dois anos) e a herança genética. A doença levou à morte dois de seus irmãos. Outro irmão de Lula teve um câncer perto das amígdalas, mas se curou. Kowalski, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, contou que o ex-presidente sofreu um abalo ao receber o diagnóstico, mas depois mostrou "coragem".
"Foi o cigarro, não foi doutor?", indagou Lula, de acordo com o médico. Ante a resposta positiva, o ex-presidente disse: "Então vamos fazer o que tem que ser feito", relatou Kowalski.
No momento de deixar o hospital, no sábado, Lula chegou a brincar: "Posso comer uma picanha amanhã?". Segundo o médico, o ex-presidente contou que na semana passada dissera à presidente Dilma, em tom de gozação, que estava rouco e que tinha um câncer.
"O Lula acertou o diagnóstico. Merece um CRM [registro para atuar na área médica]", afirmou Kowalski. Hoje, às 9h, Lula inicia a quimioterapia e deve dormir no hospital. Também sai hoje o resultado da biópsia do tumor. A radioterapia começará em dois meses e deve ter duração de sete semanas.
Segundo Kowalski, o tratamento tende a levar à melhora gradativa da voz de Lula e a doença não deverá deixar sequelas nas cordas vocais.
Outro médico da equipe, o cardiologista Roberto Kalil Filho, visitou Lula ontem em São Bernardo do Campo. Ele contou que o ex-presidente está tranquilo. "Ele está extremamente bem humorado e confiante e isso é fundamental para o sucesso de qualquer tratamento".
Apesar da recomendação para descansar, a equipe médica avalia que ele retomará suas articulações políticas assim que se sentir melhor.
Ontem, Lula passou o dia em casa, com filhos e netos.


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