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Comunicação e poder
Do B - Crônicas Críticas para o
"Caderno B" do "Jornal do Brasil"
Eugênio Bucci
Record (Tel. 0/xx/21/2585-2000)
304 págs., R$ 35,00
O autor incorpora o papel do espectador ingênuo para criticar
não só o nível dos programas como a passividade do espectador
que não faz valer seus direitos de cidadania. Sua perspectiva
nunca perde de vista que a televisão é concessão pública que se
renova sem nenhuma avaliação periódica. Não se trata de adotar a posição moralista dos que se limitam a exigir uma censura
rigorosa. Essa, de fato, já existe e é implacável: são os próprios
detentores da mídia que a exercem, sempre em razão de critérios mercadológicos. Os formadores de opinião, livres de qualquer controle social, atuam sobre suas vítimas, reforçando nelas
os preconceitos e o conformismo. As subjetividades, aí, não flutuam aleatoriamente, como querem os pós-modernos, mas
obedecem à férrea lei do interesse econômico, não regulado socialmente. Em geral, os artigos jornalísticos, escritos no calor da
hora, cumprem sua função imediata, perdendo todo o interesse,
quando reunidos em livro. Não é o caso: o autor, ao tratar da miséria televisiva, faz comentários argutos sobre nossa sociedade e
seus habitantes -vítimas e cúmplices da alienação. Maria Rita
Kehl, em belo prefácio, afirma que o antepassado mais próximo
desse devastador documento de nossa época seria o Barthes de
"Mitologias". Justo argumento, convite à leitura.
Elementos para a Crítica da Cibercultura
Francisco Rüdiger
Hacker (Tel. 0/xx/11/3735-7028)
160 págs., R$ 24,00
Qual é o objeto das ciências da comunicação? As respostas a
essa pergunta parecem ter envelhecido subitamente. Falar em
objeto pressupõe, evidentemente, um sujeito. O estruturalismo
já havia decretado a morte do sujeito; na sequência, o pós-modernismo pretendeu dissolver a própria realidade. Os estudos
recentes sobre a comunicação, herdeiros dessas vertentes, pretendem assegurar sua autonomia diante das ciências sociais: as
transformações tecnológicas estariam dando início ao ciberespaço e à figura do ciborgue, produto da fusão entre homem e
máquina, vida e tecnologia. A desintegração de sujeito e de objeto ocorre simultaneamente, na visão prospectiva de um mundo
inteiramente cibernético, em que restariam apenas "subjetividades flutuantes". Apoiado em vasta bibliografia, o autor apresenta, com erudição e clareza, os contornos do debate contemporâneo entre os comunicólogos. A fascinação pelos novos desafios teóricos e por seus ideólogos convive, em surpreendente
tensão, com um referencial crítico apoiado em autores tão diferentes como Martin Heidegger e Theodor Adorno.
A Lógica do Capital-Informação
Marcos Dantas
Contraponto (Tel. 0/xx/21/2544-0206)
262 págs., R$ 30,00
O valor da informação é o eixo que estrutura o livro. Para Marcos Dantas, no capitalismo atual, a criação do valor se transfere
da produção material para a "produção social geral". O que se
produz, em medida crescente, é informação social. Daí o papel
estratégico das telecomunicações. A partir desse enfoque teórico, o livro aborda a implantação dos diversos sistemas de comunicação nos países centrais, mostrando a relação tensa entre Estado, monopólios e interesse público. A formação dos diversos
modelos é o referencial para o enfoque da situação das telecomunicações no Brasil. Em alentado prefácio, faz-se um balanço
crítico do desmembramento da Telebrás.
Por uma Outra Comunicação
Dênis de Moraes (org.)
Record (Tel. 0/xx/21/2585-2000)
414 págs., R$ 38,00
Dezoito autores nacionais e estrangeiros integram essa antologia, dedicada a investigar as relações entre mídia, globalização, cultura e poder. A informação e a tecnologia, ao configurar
uma nova modalidade de hegemonia, apresentam desafios que
deixam perplexas as forças oposicionistas. Ponta de lança do capitalismo globalizado, a mídia cria um mundo à sua imagem e
semelhança pela via da desagregação das culturas nacionais. Assim, incorpora e neutraliza tais culturas, ao mesmo tempo em
que incentiva a resistência. Cultura é mercadoria, todavia ela
precisa diferenciar-se das mercadorias materiais. Por isso reivindica seu caráter único, que se torna tanto objeto de desejo do
capital como referência de valor para a resistência. A mesma
tensão reaparece na internet, separando os interesses mercantis
da contestação. Democracia eletrônica e novas formas de cidadania são temas subjacentes aos textos de David Harvey, Naomi
Klein, Ignacio Ramonet, Edgar Morin, entre outros.
CELSO FREDERICO
é professor na Escola de Comunicações e Artes da USP.
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