Região com gargalo social receberá mais mil famílias

A construção de 975 apartamentos no Ribeirão Verde expôs os problemas já existentes na região, como a falta de segurança e de linhas de ônibus -as atuais só têm o centro como destino.

O anúncio foi feito anteontem pela prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), provável candidata à reeleição. Os apartamentos serão destinados, por meio do programa Minha Casa Minha Vida, a famílias com renda de até três salários mínimos.

O problema é que, com cerca de 40 mil habitantes, o complexo Ribeirão Verde, com cinco bairros ao todo, sofre com problemas como a falta de uma base da Polícia Militar -a mais próxima fica dentro do aeroporto Leite Lopes.

"Estamos sem segurança alguma. Tanto é que não há agência bancária nem lotéricas. Para pagar conta, tem que ir ao centro", afirmou a comerciante Erika Samanta Santi, 32, que faz parte da diretoria do Conseg (Conselho de Segurança) local.

Um farmacêutico, que recebia as contas da CPFL em seu estabelecimento, foi assaltado duas vezes e desistiu de manter o serviço.

"Aqui é rota de fuga para quem rouba carro", disse a dona de casa Daiana Reis, 22.

Moradores também reclamam da falta de vagas para atendimento na única unidade de saúde do complexo, que atende cinco bairros e 11 condomínios -mas só de segunda a sexta-feira, entre 7h e 17h.

Quando não consegue atendimento, o paciente tem de procurar a UBDS (posto de saúde) Quintino Facci 2 -para chegar até lá, porém, são necessários dois ônibus.

"A população vai aumentar e, consequentemente, cresce a procura no posto de saúde. E aumenta nosso problema", disse o designer Luiz Henrique Martins, 45, também do Conseg do bairro.

Para ele, a GCM (Guarda Civil Municipal) poderia compensar a ausência da PM.

Erika disse que o anúncio da prefeita foi recebido com grande preocupação. "Sou comerciante e não sou contra a vinda de novos moradores, mas a prefeitura deveria criar a estrutura necessária primeiro."

OUTRO LADO

Por meio de sua assessoria, a prefeitura informou que a GCM atua na proteção de bens públicos e que o policiamento cabe à PM. Quanto à unidade de saúde, informou que em casos de alta demanda encaminha os pacientes à UBDS, com transporte gratuito.

O capitão Anderson César Navarrete, comandante da 1ª Companhia da PM em Ribeirão, não vê necessidade de uma base fixa, mas admitiu que precisaria de mais uma viatura e oito policiais.