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Falta de estrutura prejudica Conselhos Tutelares da região Carro que sempre quebra e carência de auxiliares são comuns em alguns núcleos; falta apoio, afirma docente Ribeirão e Franca têm menos conselhos do que prevê resolução; prefeituras dizem que já melhoraram órgãos
DE RIBEIRÃO PRETO Sala trancada por falta de auxiliar administrativo. Carro velho, que sempre quebra. Casos de violação aos direitos da criança e do adolescente acumulados sobre a mesa. Os problemas de estrutura e falta de funcionários afetam os Conselhos Tutelares da região de Ribeirão Preto. Apesar de bons exemplos, especialistas veem órgãos em locais improvisados, com equipamentos velhos. "Tudo funciona em meias medidas. O conselho tem uma casa alugada, três computadores e um carro velho. É como uma fachada: faz de conta que há três conselhos lá", disse o juiz da Infância e da Juventude de Ribeirão, Paulo César Gentile. Em Ribeirão, o Conselho Tutelar 3 ameaçou fechar por falta de reposição de computadores após um furto. CARRO VELHO Em Serrana, o maior problema é o veículo, um modelo com pelo menos 20 anos. "Ele quebra muito. Direto usamos outro cedido pela prefeitura", disse a conselheira Elenir Alberto. Em Serra Azul, um veículo doado por uma deputada permitiu aposentar um carro velho. "Pedimos sede própria, computador, fax e impressora, mas não temos resposta", disse Júlio da Silva, 25. Em Cravinhos, a Folha flagrou na quarta-feira a falta de servidor. Dois conselheiros precisaram sair para atendimento. Sem um auxiliar, tiveram de trancar a porta. Alguns conselhos da região estão fora da resolução do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente). O documento exige placa na sede e apoio da prefeitura com equipamentos. Propõe ainda que haja um conselho a cada cem mil habitantes. Ribeirão, com 605 mil habitantes, deveria dobrar o atual número de três órgãos. Em Franca, de 318 mil habitantes, há só um conselho. Cada um dos cinco conselheiros lidam com até 30 casos -o ideal, dizem, seria até 10. "Passamos do limite. Hoje [quarta], somos em duas pessoas, e rezando, com vela acesa, para nada grave surgir", disse Marcelo Mambrini. Sem auxiliar, conselheiros sofrem o "perigo da burocratização", diz Sérgio Fonseca, docente da USP. "Apegam-se à burocracia e esquecem de estar próximos às pessoas". OUTRO LADO As prefeituras dizem que melhoraram a estrutura dos conselhos nas atuais gestões, mas alegam falta de verba. Em Ribeirão, a secretária da Assistência Social, Maria Sodré, disse que as melhorias ocorrerão em 90 dias, prazo firmado com a Promotoria. "Quando assumimos [em 2009], os conselhos estavam em situação precária, e melhoraram bastante", disse. Sem verba, Serrana pretende pedir ao Estado a doação de um veículo usado, porém em melhor condição, e prevê contratar um auxiliar. Em Cravinhos, a secretária Cleusa Ferdinando admitiu que o órgão às vezes fica fechado. "Mas como a secretaria fica ao lado, ligamos para o conselheiro vir atender". O secretário de Franca, Roberto Nunes Rocha, disse que um segundo conselho está previsto para 2013 -a depender do novo prefeito. A Folha não conseguiu ouvir Serra Azul. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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