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Falta de estrutura prejudica Conselhos Tutelares da região

Carro que sempre quebra e carência de auxiliares são comuns em alguns núcleos; falta apoio, afirma docente

Ribeirão e Franca têm menos conselhos do que prevê resolução; prefeituras dizem que já melhoraram órgãos

Edson Silva-29.fev.2012/Folhapress
Os conselheiros José de Assis e Elenir Alberto, com carro do Conselho Tutelar de Serrana
Os conselheiros José de Assis e Elenir Alberto, com carro do Conselho Tutelar de Serrana

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Sala trancada por falta de auxiliar administrativo. Carro velho, que sempre quebra. Casos de violação aos direitos da criança e do adolescente acumulados sobre a mesa.

Os problemas de estrutura e falta de funcionários afetam os Conselhos Tutelares da região de Ribeirão Preto.

Apesar de bons exemplos, especialistas veem órgãos em locais improvisados, com equipamentos velhos.

"Tudo funciona em meias medidas. O conselho tem uma casa alugada, três computadores e um carro velho. É como uma fachada: faz de conta que há três conselhos lá", disse o juiz da Infância e da Juventude de Ribeirão, Paulo César Gentile.

Em Ribeirão, o Conselho Tutelar 3 ameaçou fechar por falta de reposição de computadores após um furto.

CARRO VELHO

Em Serrana, o maior problema é o veículo, um modelo com pelo menos 20 anos. "Ele quebra muito. Direto usamos outro cedido pela prefeitura", disse a conselheira Elenir Alberto.

Em Serra Azul, um veículo doado por uma deputada permitiu aposentar um carro velho. "Pedimos sede própria, computador, fax e impressora, mas não temos resposta", disse Júlio da Silva, 25.

Em Cravinhos, a Folha flagrou na quarta-feira a falta de servidor. Dois conselheiros precisaram sair para atendimento. Sem um auxiliar, tiveram de trancar a porta.

Alguns conselhos da região estão fora da resolução do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente).

O documento exige placa na sede e apoio da prefeitura com equipamentos. Propõe ainda que haja um conselho a cada cem mil habitantes.

Ribeirão, com 605 mil habitantes, deveria dobrar o atual número de três órgãos.

Em Franca, de 318 mil habitantes, há só um conselho. Cada um dos cinco conselheiros lidam com até 30 casos -o ideal, dizem, seria até 10.

"Passamos do limite. Hoje [quarta], somos em duas pessoas, e rezando, com vela acesa, para nada grave surgir", disse Marcelo Mambrini.

Sem auxiliar, conselheiros sofrem o "perigo da burocratização", diz Sérgio Fonseca, docente da USP. "Apegam-se à burocracia e esquecem de estar próximos às pessoas".

OUTRO LADO

As prefeituras dizem que melhoraram a estrutura dos conselhos nas atuais gestões, mas alegam falta de verba.

Em Ribeirão, a secretária da Assistência Social, Maria Sodré, disse que as melhorias ocorrerão em 90 dias, prazo firmado com a Promotoria.

"Quando assumimos [em 2009], os conselhos estavam em situação precária, e melhoraram bastante", disse.

Sem verba, Serrana pretende pedir ao Estado a doação de um veículo usado, porém em melhor condição, e prevê contratar um auxiliar.

Em Cravinhos, a secretária Cleusa Ferdinando admitiu que o órgão às vezes fica fechado. "Mas como a secretaria fica ao lado, ligamos para o conselheiro vir atender".

O secretário de Franca, Roberto Nunes Rocha, disse que um segundo conselho está previsto para 2013 -a depender do novo prefeito. A Folha não conseguiu ouvir Serra Azul.

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