Índice geral Ribeirão
Ribeirão
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Lotação atinge 12 dos 17 presídios da região

Até o Centro de Detenção Provisória de Taiúva, inaugurado em janeiro, já está com mais presos do que comporta

Sindicato dos agentes afirma que situação é um 'barril de pólvora'; Estado diz que há plano para 49 novas unidades

Edson Silva/Folhapress
Fachada do CDP de Taiúva, que foi inaugurado emjaneiro deste ano,mas já está commais presos do que a capacidade
Fachada do CDP de Taiúva, que foi inaugurado emjaneiro deste ano,mas já está commais presos do que a capacidade

JOÃO ALBERTO PEDRINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

Mesmo com as inaugurações neste ano de dois CDPs (Centros de Detenção Provisória) em Pontal e Taiúva, a região de Ribeirão Preto continua registrando superlotação em unidades prisionais.

São 8.282 vagas para 11.595 presos. Doze unidades, de um total de 17, estão com mais detentos do que suportam (veja quadro abaixo).

O levantamento foi feito pela Folha na base de dados da SAP (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária), tendo como atualização o último dia 11 de junho.

O CDP de Taiúva, que começou a funcionar no dia 18 de janeiro, já está superlotado, com 941 detentos para 768 vagas -número 22,5% maior que a capacidade.

O coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Ribeirão Preto, Vanderley Caixe Filho, diz que algumas atuações de juízes "contribuem" para o quadro.

"O problema é a opção que muitos fazem pela prisão. Há uma série de medidas [punitivas] alternativas e que não são aplicadas", afirma.

Para Caixe Filho, há outras formas para punir. "Pode-se restringir a liberdade por outros meios, como proibir de sair à noite e realizar trabalhos comunitários. Em vários casos isso poderia ocorrer, mas não acontece por uma opção do juiz."

A coordenadora de execução penal da regional da Defensoria Pública de Ribeirão Preto, Juliana Araújo Lemos da Silva Machado, também desaprova a forma como o Judiciário julga alguns casos.

"Por causa de conservadorismo, muitos juízes deixam de lado penas alternativas. Deveria haver uma mudança de postura jurídica. Leis dão essas possibilidades", diz.

O juiz da 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Sylvio Ribeiro de Souza Neto, diz não concordar com o advogado e a defensora. O magistrado afirma que, em caso de crimes menos graves, o réu vai para o regime fechado apenas quando é reincidente.

"Quando isso ocorre, a lei estabelece que não cabe pena alternativa, porque socialmente não é recomendável."

O juiz diz defender a atuação mais incisiva do Estado para disponibilizar uma quantidade maior de defensores públicos e cobra investimentos materiais e pessoais também no Judiciário.

Essas duas ações, diz ele, provocariam maior agilidade nos processos e diminuição da população carcerária.

'BARRIL DE PÓLVORA'

Daniel Grandolfo, presidente do Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo), afirma que a superlotação dos presídios paulistas "é um barril de pólvora prestes a explodir".

Ele diz que o excesso de presos nas unidades representa muitos riscos para os trabalhadores. "Pode haver rebeliões, agressões, tentativas de fuga", relata.

Grandolfo critica a falta de investimentos no setor e a morosidade do governo em construir presídios. "O Estado constrói quatro unidades por ano, é muito pouco para reduzir esse deficit de vagas."

O sindicalista afirma ainda que há falta de funcionários. De acordo com ele, existem hoje no sistema prisional cerca de 20 mil agentes de segurança penitenciária, mas o ideal seria contar com, ao menos, mais 10 mil.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.