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Em carta, entidade pede voto para vereador

Centro do Professorado Municipal, grupo de Ribeirão com 700 associados, apoia reeleição de Cícero Gomes da Silva

Especialistas dizem que há abuso de poder econômico; parlamentar preside conselho deliberativo

GABRIELA YAMADA
DE RIBEIRÃO PRETO

O CPM (Centro do Professorado Municipal), que conta com 700 associados em Ribeirão, enviou uma carta aos professores pedindo voto ao presidente do Câmara, Cícero Gomes da Silva (PMDB), candidato à reeleição.

Especialistas ouvidos pela Folha dizem que a prática é caracterizada como abuso de poder econômico, principalmente porque Cícero é presidente do conselho deliberativo do CPM. A reportagem teve acesso à carta, cujo envio foi confirmado por associados ouvidos pela Folha.

Cícero afirmou que não sabia do envio das cartas.

O caso também foi discutido em um grupo fechado do Facebook, que conta com profissionais da rede municipal de educação e outros funcionários públicos da cidade.

Em um trecho, o CPM afirma que o vereador "sempre nos representa em todas as conquistas de nossa classe".

"Por isso prezados professores associados, esta é a hora de retribuirmos o que ele tem feito", diz outro trecho.

No final do documento, há a frase "Vamos votar Cícero Gomes para vereador".

Além da carta, Silva é mencionado em jornais mensais do CPM, como na edição de junho, em que foi publicada matéria sobre a aprovação do estatuto do magistério.

Segundo Marcelo Augusto Melo Rosa de Sousa, vice-presidente da Comissão de Estudos Eleitorais da OAB, nenhuma entidade pode pedir votos ou vincular o candidato a suas publicações por se tratar de quebra de paridade.

'PROBLEMA MORAL'

Humberto Dantas, cientista político do Insper, considerou o caso como um "problema moral grave".

"É questionável que se use a máquina de uma entidade em que se é presidente [do conselho deliberativo] para fazer campanha", disse.

O aspecto ético e moral também foi questionado por Jorge Sanchez, presidente-executivo da Amarribo, que representa a Transparência Internacional no país.

Os especialistas foram unânimes em afirmar que os gastos com a carta deveriam constar na prestação de contas de Silva, o que não foi feito, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Há o uso de verba dos associados para uma propaganda ilegal", afirmou Sanchez.

De acordo com os especialistas consultados, o vereador pode ter o registro de sua candidatura impugnado caso haja denúncia.

Silva preside a Câmara pela nona vez e é vereador há 32 anos. No segundo ano de seu mandato, há 31 anos, foi um dos fundadores do CPM.

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