Ribeirão Preto, Sábado, 1 de maio de 1999

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SUSPEITA
Universidade de Ribeirão Preto é acusada de fraudar inscrição de formandos no provão e será alvo de auditoria
MEC determina investigação na Unaerp

Lucio Piton/Folha Imagem
A estudante Camila Toledo, que ficou fora da lista enviada para o MEC, assina documento em frente à Unaerp


LUCIANA CAVALINI
da Folha Ribeirão

O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, determinou ontem que seja realizada uma "rigorosa investigação" na Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto) para apurar se houve fraude na inscrição de estudantes do curso de direito no provão deste ano.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que vai investigar a universidade, fará uma auditoria na Unaerp. A instituição de ensino e os alunos serão ouvidos.
A universidade fez uma espécie de triagem entre os formandos de direito e inscreveu no provão somente aqueles com melhor situação escolar, segundo reportagem publicada pela Folha ontem.
A Unaerp nega a seleção irregular e afirma que fez uma análise curricular rigorosa para saber quem tinha condições de se formar este ano. Para o Inep, a universidade informou que houve um erro no sistema de informática.
Ontem, a universidade enviou uma nova lista ao Inep com mais 341 nomes de graduandos do curso de direito que não haviam sido inscritos no provão. Antes do vencimento do prazo, em 28 de março, a Unaerp havia inscrito somente 203 estudantes.
A instituição, que também havia enviado nomes de 20 pessoas já graduadas, mandou mais 48 casos nessa situação na relação de ontem.
A seleção de estudantes contraria a lei número 9.131, de novembro de 95, que determina que a instituição de ensino deve inscrever todos os estudantes em via de concluir o curso durante o ano.
O ministro disse que vai garantir a inscrição de todos os alunos que possam não estar incluídos na relação enviada pela universidade.
Para isso, o ministério deve abrir uma exceção e autorizar que os estudantes da Unaerp façam diretamente a inscrição, sem depender da universidade. O Inep estuda enviar um funcionário ou criar um posto de inscrições na cidade.
"É preciso que se garanta a todos os formandos o acesso à prova", afirmou o ministro da Educação em Campinas ontem.
Segundo a presidente do Inep, Maria Helena Guimarães de Castro, a universidade será orientada a publicar a lista. "Todos os alunos que não estiverem na relação poderão se inscrever", afirmou.
Ontem de manhã, o departamento de direito divulgou uma nova lista de inscritos, mas a relação foi retirada do mural após protestos de estudantes que ainda não haviam sido incluídos.
Para o advogado dos estudantes, Fábio Luís Vieira Glingani, a decisão do ministério foi acertada.
A Folha obteve gravação de uma reunião de estudantes de direito que não estavam inscritos para o provão com a assessora acadêmica da Unaerp, Sônia Camargo.
Na reunião, que aconteceu na quarta-feira, ela confirma a existência de uma seleção.
"A universidade não pega essa lei e envia todo aluno com possibilidade de fazer o provão para fazer. A universidade discorda disso e tem esse direito", afirmou.
Apesar de o problema ter ocorrido em direito, a assessora acadêmica afirmou que o mesmo critério é utilizado em todos os cursos.


Colaborou Maurício Simionato, da Folha Campinas


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