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VIOLÊNCIA
Número de inquéritos contra policiais tem queda após crimes cometidos em favela na Grande São Paulo
'Efeito Diadema' reduz investigação de PMs
LUCIANA CAVALINI
da Reportagem Local
A investigação sobre a atuação de
policiais militares na região de Ribeirão Preto vem caindo após a divulgação dos crimes na favela Naval, em Diadema, ocorridos em
março do ano passado.
Segundo levantamento da Seção
de Justiça e Disciplina da Polícia
Militar, a média mensal de IPMs
(Inquéritos Policiais Militares)
abertos na cidade caiu 25% de 96
para 97, passando de 8,9 para 7,1.
Do ano passado para este ano, a
queda foi de 29%, caindo para 5,5.
Apesar disso, proporcionalmente ao total do efetivo, o índice de inquéritos na região ainda é elevado.
Na região, 20% do efetivo já foi investigado, contra 9% do Estado.
Para o tenente Marco Antônio
Seabra, oficial da Seção de Justiça e
Disciplina em Ribeirão Preto, a redução do número de inquéritos foi
um efeito imediato do caso Diadema na região. "Além de revoltar a
população, dentro do própria PM,
a reação foi de repulsa."
No ano passado, nos meses seguintes ao caso de Diadema, carros
da PM foram apedrejados em Ribeirão Preto e policiais foram xingados durante o serviço.
Em março de 97, o ex-PM Otávio
Lourenço Gambra, o Rambo, foi
flagrado por um cinegrafista amador junto com outros nove policiais espancando pessoas que passavam por um bloqueio na favela.
Laudos periciais apontaram
Gambra como o autor do tiro que
matou Mário Josino. Os envolvidos foram expulsos da corporação.
No início do mês, Gambra foi condenado a 65 anos de prisão.
Apesar de o número de IPMs ter
reduzido, o ouvidor das polícias de
São Paulo, Benedito Domingos
Mariano, afirma não acreditar na
redução da violência policial.
Entre os casos acompanhados
pela Ouvidoria, está a investigação
da chacina provavelmente cometida por PMs que resultou na morte
de três jovens em setembro em Ribeirão. Para os familiares das vítimas, a matança revela que a violência policial não teve queda.
O tenente-coronel Edison Flora
da Silva, comandante do 3º Batalhão da PM em Ribeirão, afirma
que a queda é um reflexo das ações
da corporação. "Este ano, por
exemplo, todos os policiais da região passaram por reciclagem."
Segundo o comandante, os policiais têm aulas de direito e noções
de direitos humanos. O batalhão
também tem um psicólogo.
Todas as lideranças estão passando por um curso de logoterapia, área da psicologia voltada para
o cuidado dos sentidos.
"A intenção do curso é desenvolver a consciência de responsabilidade e provocar uma mudança de
atitude com a descoberta de valores", afirma a psicóloga Maria Bernardete Caritá-Stumpenhausen,
responsável pelo curso.
Desde o ano passado, seguindo
uma determinação da Secretaria
da Segurança Pública, o policial
militar que se envolve em ocorrências é obrigado a passar pelo Proar
(Programa de Acompanhamento
de Policiais Militares Envolvidos
em Ocorrências de Alto Risco).
Pelo menos cem policiais já passaram pelo programa em um ano e
meio. O Proar prevê o afastamento
do policial das ruas por seis meses.
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