Ribeirão Preto, Terça-feira, 02 de Fevereiro de 2010

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Região tem queda de 13,3% em vagas para o 1º emprego

Juntas, as 10 cidades mais populosas contrataram 5.133 jovens a menos em 2009

Falta de política do governo, exigência maior do mercado e crise econômica travam a contratação de jovens, de acordo com especialistas

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A contratação de pessoas que buscam a primeira experiência profissional caiu 13,39% nas maiores cidades da região de Ribeirão em 2009, em comparação com o ano anterior, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego.
No ano passado, foram 33.208 admissões para o primeiro emprego nas dez maiores cidades da região, 5.133 a menos do que em 2008. Sertãozinho foi o município em que houve maior diminuição, com queda de 46%, ou 1.700 postos de trabalho a menos. Em Ribeirão, a queda foi de 1.472 vagas.
De acordo com a psicóloga Karina Massaroli, da Parceria RH de Ribeirão Preto, a queda na demanda por profissionais sem experiência foi causada por uma exigência maior do mercado de trabalho. "A empresa busca alguém já pronto e apto para aquela função, não quer dar o primeiro emprego para fazer treinamento", disse.
Para a gerente de recursos humanos da Sharing RH, Regina Prado, em 2009 houve tanto diminuição da procura de profissionais em busca do primeiro trabalho quanto de empresas interessadas em seus serviços. Ela também afirma que o motivo é a busca dos empregadores por profissionais qualificados e com experiência.
Além da competitividade no mercado de trabalho, o diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Antonio Vicente Golfeto, atribui à crise econômica de 2009 a queda no primeiro emprego. Segundo ele, a crise desestimulou os jovens a buscar colocação no mercado de trabalho, o que resultou em menos contratações.
O principal entrave para a contratação de profissionais inexperientes é a falta de políticas governamentais, no Estado de São Paulo, para pessoas de baixa renda e sem escolarização completa, segundo a coordenadora do GPublic (Centro de Estudos de Gestão e Políticas Públicas da USP), Cláudia Souza Passador.
Para ela, existe grande oferta de qualificação em instituições técnicas como a Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo), que não contempla o perfil dos mais pobres. Por outro lado, projetos que poderiam abranger esse público estão concentrados em grandes cidades, segundo ela.
O coordenador do Aprendiz Paulista, programa da Secretaria de Estado do Emprego e Relações do Trabalho, Amaury Fernandes de Jesus, disse que o maior problema para a inserção de jovens no mercado é a resistência dos empresários.
De acordo com Jesus, a secretaria desenvolve dois projetos para esse público: Jovem Cidadão-Meu Primeiro Trabalho, que abrange a capital e a região de Santos, e o de colocação para jovens egressos da Fatec que se encaixem no perfil da Lei do Aprendiz.


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