Ribeirão Preto, Quarta-feira, 02 de Fevereiro de 2011

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Falha em UBS sobrecarrega distritais

Afirmação é do secretário da Saúde, Stenio Miranda, que vê ainda falta de investimento nas unidades básicas

Titular da pasta diz também que médicos estão despreparados para realizar o atendimento primário

Fotos Márcia Ribeiro/Folhapress
Recepção da UBS do Adão do Carmo Leonel vazia na tarde ontem, em Ribeirão Preto; população desconhece serviços

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

A falta de investimentos e o desconhecimento da população sobre o trabalho nas UBSs (Unidades Básicas da Saúde) aumentaram o número de pacientes nas UBDSs de Ribeirão no ano passado.
A afirmação é do secretário da Saúde, Stenio Miranda, que disse também que deve implantar ainda neste ano um novo sistema de atendimentos nas distritais.
Segundo o secretário, na última década houve pouco investimento na saúde básica, o que afetou o vínculo entre o serviço da rede e o paciente. Por isso, ele quer ampliar o Programa Saúde da Família para atender pelo menos 50% da população -hoje a cobertura é de 12%.
Em 2010, dos 1,7 milhão de atendimentos na rede municipal, 46,21% foram nos cinco pronto-atendimentos -as UBDS- e 35,53% nas 30 unidades de atenção básica (veja quadro ao lado).
Do total de atendimentos nas UBDSs, cerca de 85% são de baixa complexidade e poderiam ser realizados na rede de atenção básica.
Embora a maioria da população desconheça, cada médico de UBS tem que ter duas vagas para atendimento eventual, ou seja, sem agendamento prévio.
Como a rede básica tem cerca de 400 médicos, seriam aproximadamente 800 atendimentos de baixa complexidade nas UBSs -32% da média diária (2.500) nas cinco UBDSs.
Além da "falta de conhecimento da população", Miranda diz que alguns médicos não estão preparados para fazer atendimento prévio.
"[Eles] entendem que não é obrigação deles atender além das consultas agendadas, o que é um equívoco ético e administrativo."
Para resolver essa situação, Miranda pretende adotar um novo sistema de atendimento nas distritais. Assim como o Hospital das Clínicas só recebe pacientes com encaminhamento da rede pública, as UBDSs só vão atender pacientes encaminhados pelas unidades básicas.

DESPREPARO
O diretor adjunto do Simesp (sindicato dos médicos do Estado), Renato Arena, também vê um despreparo por parte dos próprios médicos, muitas vezes insatisfeitos com os baixos salários.
Segundo Arena, como a prefeitura dispõe de poucos médicos e prioriza que eles trabalhem nas distritais, acabam deixando desguarnecidas as unidades básicas.




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