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Argentina derruba exportações de Franca
Calçadistas dizem que país vizinho, que foi o 2º maior importador em 2008, não comprou um só sapato brasileiro neste ano
Vendas para o exterior caíram 51% no bimestre; governo brasileiro diz que está atacando as barreiras protecionistas dos países
Silva Júnior/Folha Imagem
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Funcionário de loja de materiais carrega saco de cimento |
JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Agravadas pelo protecionismo adotado por países da América do Sul, as exportações de
calçados das indústrias de
Franca caíram 51,27% no primeiro bimestre deste ano. Só
em fevereiro, as exportações
foram 55% menores do que no
mesmo mês do ano passado. O
faturamento das empresas da
cidade com as vendas ao exterior acompanhou o declínio e
recuou 48,08% no período.
Além da diminuição da demanda em grandes mercados
consumidores, como Europa e
Estados Unidos, o setor tem sofrido com outro efeito colateral
da crise econômica mundial.
Nos últimos meses, barreiras
protecionistas erguidas por
países vizinhos, principalmente Argentina, Venezuela e
Equador, têm impedido a entrada do produto francano, segundo o presidente do Sindifranca (Sindicatos das Indústrias de Calçados de Franca),
José Carlos Brigagão.
A Argentina, segunda maior
consumidora dos calçados de
Franca no ano passado, é o
maior exemplo. "Não entrou
nenhum par de calçado nosso
lá neste ano" afirmou Brigagão.
O aumento do prazo para a
concessão de licenças para a
importação de produtos, que
têm de ser pedidas pelos compradores argentinos, é a causa
da paralisia nas vendas para o
país, segundo o diretor-executivo da Abicalçados (Associação
Brasileira das Indústrias de
Calçados), Heitor Klein.
"A emissão da licença costumava ser de 60 dias, agora passa de 120", reclamou o negociador comercial da indústria Democrata Anderson Melo.
Maior exportadora francana
para a Argentina em 2008, a
Karlitos enfrenta situação mais
grave. Segundo seu diretor comercial, José Milton de Souza,
"não vai entrar nenhum dólar
este mês". A empresa já demitiu 500 funcionários.
"A situação é ainda mais absurda no Equador", afirmou
Klein. No país, foi imposto um
exame laboratorial de materiais e um certificado de conformidade para os calçados.
Responsável pela compra de
1,4 milhão de pares de Franca
no ano passado, 6,7% do total, a
Venezuela também vem dificultando a entrada de calçados
no país, segundo os empresários ouvidos pela Folha. Funcionário do departamento de
exportação da Mariner, Alessandro Oliveira diz que o processo de emissão de cartas de
crédito vem sendo dificultado
pelo governo venezuelano.
O empresário José Rosa, da
Anatomic Gel, diz ter produzido, na tarde de ontem, seu último pedido para a Venezuela.
"Tenho 12 mil pares parados na
fábrica", afirmou. Segundo ele,
outros produtos estão parados
no porto de Santos.
As barreiras protecionistas
impostas ao calçado brasileiro
vêm sendo enfrentadas, segundo o secretário de Comércio
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral.
O secretário afirmou que conseguiu do governo argentino o
compromisso de agilizar a
emissão de licenças.
Do governo equatoriano,
Barral diz ter conseguido que a
implementação das certificações de qualidade seja adiada
até o final do ano. Já sobre a
Venezuela, o secretário disse
que não houve queixa específica do setor calçadista.
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