Ribeirão Preto, Quarta, 2 de junho de 1999

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ECONOMIA
Protesto do setor sucroalcooleiro interrompe trânsito em 2 rodovias; empresários doam 80 mil litros de álcool
Ato pára 75 km e fecha lojas na região

Ernesto Rodrigues/Folha Imagem
Caminhões de cana fecham rotatória da rodovia Armando de Salles Oliveira, em Sertãozinho, na noite de ontem


ALESSANDRO SILVA
LUCIANA CAVALINI
da Folha Ribeirão

Protestos pelo emprego no setor sucroalcooleiro ontem provocaram cerca de 75 km de congestionamento em três pontos diferentes de rodovias e o fechamento do comércio em cinco cidades da região.
Pelo menos oito usinas suspenderam o transporte de cana durante três horas, à tarde, em apoio ao movimento.
Também houve distribuição gratuita de álcool em três cidades -Guariba, Jardinópolis e Dumont. Foram distribuídos cerca de 80 mil litros de combustível.
As manifestações fizeram parte do Dia Nacional de Defesa do Emprego no Setor Sucroalcooleiro, que ontem culminou em ato na frente do Congresso, em Brasília.
Sindicatos, cooperativas de produtores e usineiros engrossaram o movimento pedindo, entre outras coisas, o apoio do governo federal para pressionar as montadoras a produzir carros a álcool.
Cerca de 1.500 pessoas da região de Ribeirão foram até o distrito federal participar do protesto.
A rodovia Armando de Salles Oliveira foi a mais afetada pelo protesto do setor canavieiro.
A partir das 9h, a rodovia ficou fechada por uma hora e meia próximo ao trevo de Pitangueiras, causando congestionamento de 15 km, segundo a Polícia Rodoviária.
Às 13h, foi fechado o acesso de Pontal e o trecho próximo à usina Santa Elisa, no município de Sertãozinho, totalizando 38 km de paralisação por cinco horas.
No mesmo horário, houve congestionamento de 22 km na rodovia Atílio Balbo, entre Sertãozinho e Barrinha, segundo cálculo da Polícia Militar.
Os protestos não contaram com uma coordenação única. O fechamento das rodovias próximo a Sertãozinho foi coordenado pelo movimento Grito pelo Emprego e pela Produção.
As demais manifestações foram atos isolados de apoio ao movimento coordenados por sindicatos, prefeituras, associações comerciais e sindicatos.
Em Pitangueiras, após o fechamento da estrada, manifestantes fizeram um protesto na praça central da cidade e comerciantes baixaram as portas por cerca de três horas para acompanhar o ato.
"A crise do álcool atinge todos os setores de Pitangueiras. A prefeitura deixa de arrecadar em impostos e o comércio não vende", afirma o prefeito Joaquim Bernardes Tostes Filho (PTB).
Segundo ele, há cerca de 5.000 trabalhadores rurais desempregados na cidade. Em toda a região, foram fechados 15 mil postos de trabalho nos últimos seis anos.
Os principais motivos do desemprego são a crise no setor e a mecanização da colheita de cana.
Comerciantes também fecharam as portas, das 11h às 14h, em adesão ao movimento do setor sucroalcooleiro na região.
"As vendas dependem do trabalhador assalariado no campo. Se há crise, as compras despencam e o comércio também demite", afirmou Antonio Pires, presidente da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) de Guariba.
Lojistas de Guariba, Dumont, Jaboticabal, Pitangueiras e Monte Alto também fecharam as portas em protesto durante o dia.
Comerciantes disseram que desde 97 não há o tradicional aumento das vendas no começo da safra.



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