Ribeirão Preto, Quarta, 2 de junho de 1999

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Três cidades distribuem 80 mil litros de álcool

da Folha Ribeirão

Plantadores de cana distribuíram gratuitamente cerca de 80 mil litros de álcool em três cidades da região de Ribeirão Preto -Guariba, Jaboticabal e Dumont.
A entrega aconteceu nos postos de combustíveis que pertencem à Coplana (Cooperativa dos Plantadores de Cana) de Guariba, ontem, das 10h às 15h30. Cada dono de veículo que enfrentou a fila teve direito a receber 25 litros.
Essa foi a forma encontrada pelos plantadores de cana para reclamar do preço da tonelada da matéria-prima das usinas.
Em Jaboticabal, onde foi distribuída metade da cota de álcool gratuita, a fila chegou a ter 500 veículos, segundo a Polícia Militar.
Houve panfletagem nessas cidades também, informando aos donos de veículos sobre as reivindicações da categoria.
A Coplana enviou quatro ônibus na caravana que chegou ontem de manhã a Brasília.
"A situação dos plantadores é muito ruim, especialmente porque muitos nem receberam a safra do ano passado", afirmou Antônio Carlos Pongitor, superintendente da Coplana.

Situação
Os produtores querem a compra imediata das sobras da safra passada porque ainda têm parcelas a receber das usinas.
Em Igarapava, por exemplo, a ACI (Associação Comercial e Industrial) estima que os 240 produtores da região receberam apenas 40% do que plantaram.
Isso quer dizer, segundo a estimativa, que eles teriam ainda a receber cerca de R$ 5 milhões.
"O setor sucroalcooleiro emprega 70% da mão-de-obra da nossa região e qualquer crise vai refletir direto no comércio local", disse Jorge Alberto Scandiuzzi, presidente da ACI.
As 45 usinas da região de Ribeirão Preto (nordeste de São Paulo) empregam hoje cerca de 70 mil trabalhadores diretos. O número de dependentes indiretos é quatro vezes maior, segundo estimativa dos próprios usineiros.
Atualmente, essas empresas respondem por um terço da produção de açúcar e por 40% da de álcool no país.
No ano passado, elas produziram juntas cerca de 3,9 bilhões de litros de álcool e 4,9 milhões de toneladas de açúcar.
Parte das sobras dessa produção está sendo comprada agora pelo governo e será leiloada, conforme entendimento com a União.
Os próprios usineiros divulgaram que fecharam cerca de 16 mil postos de trabalho nos últimos seis anos na região de Ribeirão.



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