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Qualificação "puxa" mais salário rural
Remuneração de profissões mais simples, como safrista, cresceu menos do que a de cargos que exigem cursos
Mecanização na cana gerou dispensa de mão de obra; alternativa é buscar cursos de formação no campo
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
A história de João Daniel
Consulini, 26, tinha tudo para repetir a do pai, cortador
de cana. João foi boia-fria por
três anos na usina Santo Antônio, em Sertãozinho, até
que participou de um curso
de qualificação na própria
empresa. Hoje é motorista e
recebe o dobro do salário.
Casos como o de João e o
do colega Anderson Fabrício
Elias retratam a evolução do
salário rural na região de Ribeirão Preto. A remuneração
de boias-frias cresceu em um
ritmo menor do que a média
estadual. Mas as funções
mais qualificadas, como a de
tratorista, pagaram mais.
É o que revela um estudo
do IEA (Instituto de Economia Agrícola) da Secretaria
de Estado da Agricultura e
Abastecimento, com dados
de 2000 a 2009.
Entre seis profissões avaliadas, as duas sem qualificação mais comuns na região
são o mensalista (funcionário de fazenda) e o safrista.
Nessas atividades, o salário
cresceu menos.
Já para a função de tratorista, a demanda de usinas
forçou a alta de salários.
"Como o corte de cana tem
reduzido a demanda por mão
de obra, a oportunidade passa a ser maior para as atividades mais especializadas como a de tratorista", disse a
pesquisadora do IEA Maria
Carlota Meloni Vicente, uma
das autoras do estudo.
A diretora-executiva da
Abag-RP (Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto), Mônika Bergamaschi, concorda que a mecanização tem dispensado
mão de obra, e a alternativa é
a qualificação.
"Para operar uma máquina hoje não basta qualquer
pessoa que saiba dirigir trator. É evidente que exige outro tipo de formação", disse.
FORMAÇÃO
Foi a qualificação, e um salário melhor, o que buscaram
João e Anderson, citados no
início desse texto.
De cortador no campo,
João foi chamado para ser
auxiliar na usina e líder de
equipe. Aí, o chefe lhe propôs
participar do curso de motorista. "Eu só tinha a letra "B"
na carteira de motorista [para
dirigir carro]. Fui por minha
conta mesmo na autoescola
para tirar a letra "D" [para caminhão]." O salário dele passou de R$ 800 para R$ 1.600.
Já Anderson, 25, começou
no campo colhendo laranja,
com remuneração de R$ 500.
Foi contratado pela usina
Santo Antônio há quatro
anos para plantar cana, com
salário de R$ 800.
Anderson ganhou, então,
um subsídio de R$ 1.000 da
usina para obter a habilitação para dirigir caminhões.
Há três meses, se tornou operador de máquina, com salário de R$ 1.600.
"Agora, quero fazer o curso para operar máquina colheitadeira, tirar a carta E,
para caminhão maior e, se
um dia Deus ajudar, chegar a
encarregado", disse.
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