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Sidnei alega crise e adia obras em Franca
Tucano, que completou 1º ano do 3º mandato, adiou o novo pronto-socorro e o alargamento do canal do Galo Branco
Prefeito considera que
União prioriza verbas para as cidades administradas pelo PT e que seu município industrial "é pobre"
Silva Junior/Folha Imagem
![](../images/r0301201001.jpg) |
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O prefeito de Franca, Sidnei Franco da Rocha (PSDB), em entrevista na prefeitura, em que analisou o 1º ano de seu 3º mandato
LEANDRO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A FRANCA
O aperto provocado pela crise fez a Prefeitura de Franca
adiar obras que estavam previstas, como o novo Pronto-Socorro Municipal. Esse foi um dos
fatos de 2009 na administração
de Sidnei Franco da Rocha
(PSDB), que encerrou o primeiro ano de seu terceiro mandato à frente da prefeitura.
Sobre as críticas de que seu
governo não tem um perfil ativo na busca por verbas em Brasília, ele disse que a culpa é do
governo federal, que prioriza
prefeituras do PT. Leia, a seguir, os principais trechos da
entrevista concedida à Folha.
FOLHA - O sr. vem de uma reeleição. Que avaliação faz desse primeiro ano de continuidade do governo?
SIDNEI FRANCO DA ROCHA - 2009
foi um ano difícil para o mundo
inteiro e para nós. Nos primeiros quatro anos nós arrumamos a prefeitura, pagamos
muitas dívidas e a expectativa
era que nesse primeiro ano a
gente pudesse avançar mais.
Conseguimos, graças à austeridade e à economia de guerra
que fizemos. Como no final de
2008 surgiu uma crise real, não
uma marolinha, a gente já fez o
máximo de economia possível
para atravessar com caixa.
Atravessamos com caixa na faixa de R$ 25 milhões e tivemos
queda de arrecadação no ano
de R$ 30 milhões.
FOLHA - O sr. disse que esperava
avançar mais. Houve alguma obra
que precisou ser adiada?
SIDNEI - Seguramos duas obras,
que foi o alargamento do canal
do Galo Branco e a construção
do novo Pronto-Socorro Municipal. A gente teve que praticamente suspender para não gerar deficit. Faremos esforço para fazer agora, em 2010.
FOLHA - Em relação às enchentes,
neste ano já houve problema...
SIDNEI - Essa do Galo Branco é
uma obra antienchente importante. Juntam-se ali três córregos, o Espraiado, o Cubatão e o
Bagres, então essa obra precisa
ser feita. Não adianta fazer
mais obras para cima, tem que
fazer ali, que é o começo.
FOLHA - Há prazos?
SIDNEI - Não, porque estou
pleiteando ajuda do Estado.
Apesar que até fevereiro ou
março chove muito, então não
é aconselhável mexer no primeiro trimestre.
FOLHA - Mas nesse período chuvoso a população vai ter que continuar
convivendo com o problema?
SIDNEI - Já sei para onde você
está querendo levar a conversa,
e não é por aí. Tem duas ou três
enchentes por ano. Do ponto de
vista de calamidade pública,
não chega a acontecer. Até porque é desabitado ali. São só rodovias, chegadas e saídas, trevos. Causa transtorno para
quem vai circular lá na hora da
enchente, mas a enchente dura
meia hora. De qualquer forma é
um problema a ser atacado.
FOLHA - A oposição costuma falar
que um dos pontos problemáticos
do seu governo é a habitação. Há
projetos habitacionais em vista?
SIDNEI - Estamos no Minha Casa Minha Vida, com três grandes núcleos, e com algumas
áreas sendo estudadas para ceder para a CDHU.
FOLHA - Qual o número de habitações previstas nesses três núcleos?
SIDNEI - Mil e duzentos, mais
ou menos. De mil a 1.500.
FOLHA - Qual é o deficit hoje?
SIDNEI - Nove mil e quinhentas
[casas]. É engraçado porque a
cada notícia que alguém fazia
punha mil casas a mais. Então a
gente resolveu recadastrar.
FOLHA - No prolongamento do Jardim Santa Bárbara há um núcleo em
regime de mutirão inacabado. Por
que ainda não foi concluído?
SIDNEI - Tudo o que você faz em
regime de mutirão é lento. E ali
o projeto inicial foi muito confuso, então nós pleiteamos junto à CDHU que modificasse o
projeto. Neste começo de ano a
obra vai ser concluída.
FOLHA - A infraestrutura que ainda
falta naquele bairro, como o asfalto,
depende da conclusão das casas?
SIDNEI - Não faz sentido asfaltar sem as casas prontas.
FOLHA - Em relação à busca de recursos com o governo federal, levantamento feito na Secretaria do
Tesouro Nacional mostra que cidades como São Carlos e Araraquara,
embora menores, conseguiram
mais recursos. Por quê?
SIDNEI - De quem é o governo
de Araraquara? E o de São Carlos é de que partido mesmo?
FOLHA - O sr. acha que essa diferença está vinculada unicamente à
questão partidária?
SIDNEI - Nós do PSDB temos
mais dificuldade junto ao governo federal. Isso está claro, é
só comparar Franca, Araraquara, São Carlos e Ribeirão. Ribeirão ainda tem ligações mais fortes com o partido que está no
governo por causa do deputado
federal [Antônio Palocci Filho].
Nós não temos ligação nenhuma. Temos "n" projetos lá. Em
entrevistas dos ministros e do
presidente, sempre dizem o seguinte: "depende de projetos".
FOLHA - E em relação ao Estado?
SIDNEI - Nenhum reparo a fazer. Temos um bom relacionamento com o governador Serra,
com seus secretários. Franca
até poderia ser melhor aquinhoada, mas o governador não
aceita meus argumentos, de
que se há proteção do governo
federal às prefeituras do PT,
deveria haver uma proteção do
governo estadual às prefeituras
do PSDB. Ele não concorda.
FOLHA - É sabido que Franca depende muito de um setor, que é o
calçadista. O que a prefeitura tem
feito para ajudar esse setor?
SIDNEI - Muito. Vários projetos
nós desenvolvemos, junto com
Estado, governo federal, sindicato ou Sebrae. Franca é uma
cidade de empreendedores. No
começo do ano lançamos um
projeto de empreendedorismo.
A empresa, ao fazer inscrição
na prefeitura, é convidada a
participar de um ciclo de encontros. Havia um excesso de
empresas que abriam e morriam rapidamente.
FOLHA - A diversificação da economia é uma das saídas?
SIDNEI - Nós fizemos agora
uma feira experimental que foi
um sucesso. Até o ano passado
eram cem empresas de lingerie
que ninguém sabia que tinha. A
gente descobriu e agora já são
150. Diversificação é simples de
falar, mas difícil de fazer. Você
já viu em algumas cidades, entre elas Ribeirão e Limeira, placas na estrada dizendo "procure a prefeitura, venha para a cidade". Nós já somos industrial
há 80 anos. Em termos de calçado masculino é a maior produtora das Américas. Tem que
diversificar, mas antes tem que
trabalhar para consolidar esse
parque fabril para que daqui 30
anos não tenhamos que pôr
placa na estrada.
FOLHA - E quanto aos setores de
serviços e comércio?
SIDNEI - O primeiro lugar hoje é
a prestação de serviços e, em
segundo, o comércio. A prestação de serviços tem muito a ver
com a indústria de calçados,
mas o comércio, não. O comércio deixou de ser local e passou
a ser regional. Toda a região ia
para Ribeirão, agora uma boa
parte vem para Franca. Porque
não tem pedágios para Franca e
para Ribeirão, tem.
FOLHA - Essa diferença também
colabora para que, quando se compare os índices sociais das cidades,
Franca apareça bem abaixo?
SIDNEI - Claro, toda cidade industrial é mais pobre.
FOLHA - E o que a prefeitura pode
fazer para elevar esses índices?
SIDNEI - Uma administração
muito austera, porque Franca,
por ser industrial, arrecada
pouco. Não dá para aumentar
impostos. O Orçamento é um
terço do de Ribeirão, e a população de Ribeirão não chega ao
dobro da nossa. Nada de obras
faraônicas, só as necessárias e
simples, sem enfeitar o pavão.
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