Ribeirão Preto, Domingo, 03 de Janeiro de 2010

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Barba aponta "sequência" como trunfo

Continuidade de obras do Hospital Escola e da Cidade da Bioenergia são apontadas como positivas

DA ENVIADA ESPECIAL A SÃO CARLOS

A continuidade das obras do Hospital Escola e da Cidade da Bioenergia foram os principais feitos apontados pelo prefeito de São Carlos, Oswaldo Barba (PT), que sucedeu o também petista Newton Lima. Entre os ônus de seu primeiro ano de governo, Barba lembra da disputa da Agrishow, perdida para Ribeirão, e da polêmica em torno da unidade semiliberdade. A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha. (JULIANA COISSI)

 

FOLHA - Ao assumir, o sr. discursou sobre a continuidade de obras. O que continuou neste primeiro ano?
OSWALDO BARBA - Alguns projetos importantes, como o Hospital Escola. O ex-prefeito fez o primeiro módulo e estamos no segundo. Isso vem suprir uma deficiência de leitos -220 ao todo. A estação de tratamento de esgoto, que foi construída pelo ex-prefeito, estamos colocando em operação. E a Cidade da Bioenergia. Conseguimos aprovação do governo federal de recursos para a primeira parte, R$ 21,5 milhões, para duplicação da estrada.

FOLHA - E o que não foi possível continuar ou fazer em 2009?
BARBA - Foram alguns projetos novos, até questão de recapeamento do asfalto. Não fizemos porque tivemos uma frustração na arrecadação, pela crise. O Orçamento foi construído em julho, quando o Brasil estava em crescimento. Mas no geral não cortamos nenhum projeto.

FOLHA - Uma das polêmicas do ano foi a semiliberdade. Qual sua visão sobre o desfecho do caso?
BARBA - A semiliberdade vinha sendo trabalhada pelos salesianos. Ao final do ano, o convênio não foi renovado. Ficamos até meados do ano sem a semiliberdade. Depois, o Estado retomou com uma parceria com uma entidade de São Carlos. Não nos informaram, porque é uma coisa deles. Partiram para alugar casas no centro da cidade, sem alvará. Tudo isso criou uma insatisfação na sociedade.

FOLHA - Teve alguma falha da prefeitura nesse processo?
BARBA - Da prefeitura, não. Não fomos informados em momento nenhum. A falha foi do Estado, que não dialoga da forma como gostaríamos. Geralmente, sabemos das coisas através do "Diário Oficial".

FOLHA - Outro ponto polêmico foi a Agrishow, que ficará em Ribeirão. Gostaria que a feira viesse para cá?
BARBA - Claro que qualquer prefeito gostaria de ter uma feira como a Agrishow. O que precisa é deixar claro o papel de cada um. A Agrishow pertence à Abimaq [Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos], não é nem de São Carlos nem de Ribeirão. E quem nos procurou foi a Abimaq. Isso obviamente criou uma expectativa na cidade em relação à vinda da Agrishow. Mas, depois, a Abimaq acabou sendo atendida por Ribeirão. Para nós, é óbvio que seria melhor que viesse para cá, mas nosso projeto é maior.

FOLHA - Muda agora a estratégia?
BARBA - Queremos um local permanente de exposição para energias renováveis. Imagino que Ribeirão tenha até um DNA maior em relação à agricultura. São Carlos é focado mais na alta tecnologia. Eu fico muito contente que a Agrishow continue em Ribeirão, até porque ninguém faz nada sozinho. São Carlos ajuda na época da Agrishow, sediando as pessoas.

FOLHA - São Carlos obteve uma das piores notas do ranking ambiental do Estado. Qual foi o erro?
BARBA - Na realidade, não está muito claro ainda os parâmetros que entram nesse índice. É algo, no mínimo, polêmico, se imaginarmos que São Paulo está na frente de São Carlos. Não foi considerada a nova estação de tratamento de esgoto, que já está em operação. Não sou contra criar índice, mas falta um refinamento desse indicador. Temos outros índices positivos, como o de vulnerabilidade infantil, da mortalidade infantil e da gestão da merenda escolar.

FOLHA - O sr. herdou uma grande dívida, de R$ 163 milhões. O que foi possível ser feito e o que não foi?
BARBA - Temos uma dívida herdada de outras administrações. O ex-prefeito pagou uma parte. Pagamos de juros em torno de R$ 15 milhões por ano.

FOLHA - Sobre política, a pesquisa Datafolha coloca o ex-governador Geraldo Alckmin com mais de 50% das intenções de voto para o governo. Como PT pode melhorar?
BARBA - Acho que o PT não tem tido sucesso no Estado. Gostaria que tivéssemos um governo diferente ao do PSDB, que particularmente para nós em São Carlos não tem trazido o retorno que esperávamos. Imagino que ainda é muito cedo, não temos nem um candidato lançado. Acho que o PT tem condições e nomes para disputar em igualdade de condições.

FOLHA - Tem alguma preferência?
BARBA - Há vários nomes, até de partidos coligados junto ao PT. O PSB tem candidato, tem o Ciro [Gomes], o Emídio [de Souza, prefeito de Osasco], o Fernando Haddad [ministro da Educação], a Marta [Suplicy, ex-prefeita de São Paulo]. Há muitos nomes que têm condições de fazer um bom governo.

FOLHA - Quais as principais ideias para 2010?
BARBA - Para mim é o ano da educação em São Carlos. Vou investir bastante, até porque sou um educador. Estamos com três escolas em construção, e outras cinco serão para 2010. Também vamos modernizar o sistema, informatizando, de modo que os pais poderão acompanhar o desempenho dos filhos via internet, com notas, frequência.

FOLHA - É muito diferente ser prefeito do que reitor [UFSCar]?
BARBA - Sim. É a diversidade de problemas. Na universidade, eles são mais focados, e tem o respeito às coisas, um código de ética. Na cidade, as oposições não respeitam muito a ética. Não fazem uma oposição a projetos, fazem oposição pessoal. O que lamento é que até hoje parece que a eleição continua. Um dos candidatos derrotados continua em campanha.


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