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Barba aponta "sequência" como trunfo
Continuidade de obras do Hospital Escola e da Cidade da Bioenergia são apontadas como positivas
DA ENVIADA ESPECIAL A SÃO CARLOS
A continuidade das obras do
Hospital Escola e da Cidade da
Bioenergia foram os principais
feitos apontados pelo prefeito
de São Carlos, Oswaldo Barba
(PT), que sucedeu o também
petista Newton Lima. Entre os
ônus de seu primeiro ano de governo, Barba lembra da disputa
da Agrishow, perdida para Ribeirão, e da polêmica em torno
da unidade semiliberdade. A
seguir, trechos da entrevista
concedida à Folha.
(JULIANA COISSI)
FOLHA - Ao assumir, o sr. discursou
sobre a continuidade de obras. O
que continuou neste primeiro ano?
OSWALDO BARBA - Alguns projetos importantes, como o Hospital Escola. O ex-prefeito fez o
primeiro módulo e estamos no
segundo. Isso vem suprir uma
deficiência de leitos -220 ao
todo. A estação de tratamento
de esgoto, que foi construída
pelo ex-prefeito, estamos colocando em operação. E a Cidade
da Bioenergia. Conseguimos
aprovação do governo federal
de recursos para a primeira
parte, R$ 21,5 milhões, para duplicação da estrada.
FOLHA - E o que não foi possível
continuar ou fazer em 2009?
BARBA - Foram alguns projetos
novos, até questão de recapeamento do asfalto. Não fizemos
porque tivemos uma frustração
na arrecadação, pela crise. O
Orçamento foi construído em
julho, quando o Brasil estava
em crescimento. Mas no geral
não cortamos nenhum projeto.
FOLHA - Uma das polêmicas do
ano foi a semiliberdade. Qual sua visão sobre o desfecho do caso?
BARBA - A semiliberdade vinha
sendo trabalhada pelos salesianos. Ao final do ano, o convênio
não foi renovado. Ficamos até
meados do ano sem a semiliberdade. Depois, o Estado retomou com uma parceria com
uma entidade de São Carlos.
Não nos informaram, porque é
uma coisa deles. Partiram para
alugar casas no centro da cidade, sem alvará. Tudo isso criou
uma insatisfação na sociedade.
FOLHA - Teve alguma falha da prefeitura nesse processo?
BARBA - Da prefeitura, não.
Não fomos informados em momento nenhum. A falha foi do
Estado, que não dialoga da forma como gostaríamos. Geralmente, sabemos das coisas
através do "Diário Oficial".
FOLHA - Outro ponto polêmico foi
a Agrishow, que ficará em Ribeirão.
Gostaria que a feira viesse para cá?
BARBA - Claro que qualquer
prefeito gostaria de ter uma feira como a Agrishow. O que precisa é deixar claro o papel de cada um. A Agrishow pertence à
Abimaq [Associação Brasileira
da Indústria de Máquinas e
Equipamentos], não é nem de
São Carlos nem de Ribeirão. E
quem nos procurou foi a Abimaq. Isso obviamente criou
uma expectativa na cidade em
relação à vinda da Agrishow.
Mas, depois, a Abimaq acabou
sendo atendida por Ribeirão.
Para nós, é óbvio que seria melhor que viesse para cá, mas
nosso projeto é maior.
FOLHA - Muda agora a estratégia?
BARBA - Queremos um local
permanente de exposição para
energias renováveis. Imagino
que Ribeirão tenha até um
DNA maior em relação à agricultura. São Carlos é focado
mais na alta tecnologia. Eu fico
muito contente que a Agrishow
continue em Ribeirão, até porque ninguém faz nada sozinho.
São Carlos ajuda na época da
Agrishow, sediando as pessoas.
FOLHA - São Carlos obteve uma
das piores notas do ranking ambiental do Estado. Qual foi o erro?
BARBA - Na realidade, não está
muito claro ainda os parâmetros que entram nesse índice. É
algo, no mínimo, polêmico, se
imaginarmos que São Paulo está na frente de São Carlos. Não
foi considerada a nova estação
de tratamento de esgoto, que já
está em operação. Não sou contra criar índice, mas falta um
refinamento desse indicador.
Temos outros índices positivos, como o de vulnerabilidade
infantil, da mortalidade infantil
e da gestão da merenda escolar.
FOLHA - O sr. herdou uma grande
dívida, de R$ 163 milhões. O que foi
possível ser feito e o que não foi?
BARBA - Temos uma dívida
herdada de outras administrações. O ex-prefeito pagou uma
parte. Pagamos de juros em
torno de R$ 15 milhões por ano.
FOLHA - Sobre política, a pesquisa
Datafolha coloca o ex-governador
Geraldo Alckmin com mais de 50%
das intenções de voto para o governo. Como PT pode melhorar?
BARBA - Acho que o PT não tem
tido sucesso no Estado. Gostaria que tivéssemos um governo
diferente ao do PSDB, que particularmente para nós em São
Carlos não tem trazido o retorno que esperávamos. Imagino
que ainda é muito cedo, não temos nem um candidato lançado. Acho que o PT tem condições e nomes para disputar em
igualdade de condições.
FOLHA - Tem alguma preferência?
BARBA - Há vários nomes, até
de partidos coligados junto ao
PT. O PSB tem candidato, tem o
Ciro [Gomes], o Emídio [de
Souza, prefeito de Osasco], o
Fernando Haddad [ministro da
Educação], a Marta [Suplicy,
ex-prefeita de São Paulo]. Há
muitos nomes que têm condições de fazer um bom governo.
FOLHA - Quais as principais ideias
para 2010?
BARBA - Para mim é o ano da
educação em São Carlos. Vou
investir bastante, até porque
sou um educador. Estamos
com três escolas em construção, e outras cinco serão para
2010. Também vamos modernizar o sistema, informatizando, de modo que os pais poderão acompanhar o desempenho dos filhos via internet, com
notas, frequência.
FOLHA - É muito diferente ser prefeito do que reitor [UFSCar]?
BARBA - Sim. É a diversidade de
problemas. Na universidade,
eles são mais focados, e tem o
respeito às coisas, um código de
ética. Na cidade, as oposições
não respeitam muito a ética.
Não fazem uma oposição a projetos, fazem oposição pessoal.
O que lamento é que até hoje
parece que a eleição continua.
Um dos candidatos derrotados
continua em campanha.
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