Ribeirão Preto, Domingo, 03 de Outubro de 1999

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MAPA DA POBREZA
Pesquisa aponta ainda que outras 58 mil vivem com menos que R$ 73 nos 4 maiores municípios
Região abriga 150 mil pessoas que vivem com menos de R$ 149 ao mês

Lucio Piton/Folha Imagem
O pedreiro Vágner de Carvalho Motta, 32, que sustenta cinco filhos e a mulher com um salário de R$ 200, mas está sem emprego


ALESSANDRO BRAGHETO
enviado especial a Araraquara e
São Carlos

Pelo menos 150 mil pessoas vivem na faixa de pobreza nas maiores cidades da região e outras 58 mil estão na linha de indigência, de acordo com pesquisa feita pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O levantamento, que analisou dados de 40 cidades de médio e grande portes do Estado de São Paulo, considera linha da pobreza a pessoa cuja renda domiciliar "per capita" é inferior a R$ 149, valor insuficiente para a aquisição de uma cesta básica.
Já a linha de indigência coloca pessoas cuja renda "per capita" mensal é inferior a R$ 73.
O trabalho também se baseou em números combinados de 96 e 97 do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), estabelecendo limites de pobreza e de indigência.
Na região, foram pesquisadas o índice de renda familiar das cidades de Ribeirão Preto, Franca, Araraquara e São Carlos.
A cidade da região com o maior índice de população na linha de pobreza, segundo a pesquisa, é Araraquara, com 18,18%, ou cerca de 35 mil moradores ganhando até R$ 149 por mês.
A cidade também tem cerca de 13 mil pessoas (6,77% da população) vivendo na linha de indigência, ou seja, que não atingem o nível de consumo calórico mínimo recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Franca vem em seguida, com 15,23% da população -aproximadamente 34 mil pessoas- vivendo na faixa de pobreza.
Ribeirão Preto possui a maior renda domiciliar "per capita" da região, que é de R$ 452,58, junto com 14,11% da população na linha de pobreza.
São Carlos pode ser considerada a "menos pobre" da região, tanto no índice da linha de pobreza (12,08% da população) quanto da linha de indigência (3,19%), segundo a pesquisa.
A cidade é a quinta entre os 40 municípios pesquisados pelo Ipea com o menor índice da população na linha de pobreza.
As prefeituras das quatro cidades da região que estão na pesquisa informaram que consideram os números "exagerados".
"Não temos problemas com indigentes", disse José Carlos Porsani, secretário da Assistência Social de Araraquara.
Os chefes de secretarias ligadas à área social afirmam que possuem programas para atenuar os efeitos da pobreza na população.
Para as pessoas que estão na faixa de pobreza, a falta de dinheiro é só um dos problemas.
"A insegurança, o narcotráfico, a falta de perspectiva, de educação e de saúde, tudo isso acaba com a vida da gente", afirmou Vágner de Carvalho Mota, 32, pedreiro desempregado que sustenta a mulher e outros cinco filhos com, no máximo, R$ 200 por mês em Ribeirão Preto.
Segundo Neusa Aparecida Roque, 49, que mora no bairro Água do Paiol, periferia de Araraquara, existe esperança de as coisas mudarem. "Não tem como piorar mais do que já está."


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