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MAPA DA POBREZA 2
Enquanto uma tem os piores índices, a outra tem os melhores indicadores sociais
A 30 km de distância, Araraquara e São Carlos vivem realidades opostas
do enviado especial
Separadas por menos de 30 km
de distância e detentoras de parques industriais desenvolvidos e
com número de habitantes similares (cerca de 180 mil cada), as cidades de Araraquara e São Carlos
estão em situações antagônicas
no mapa da pobreza da região, segundo pesquisa do Ipea.
Enquanto São Carlos possui
apenas 12,08% da população na
linha de pobreza e 3,19% na linha
de indigência (os menores índices
da região), Araraquara tem os
piores índices de pobreza
(18,18%) e de indigência (6,77%)
entre as quatro cidades que foram
analisadas pela pesquisa.
Segundo Elza de Andrade Oliveira, pesquisadora do departamento de ciências sociais da UFSCar (Universidade Federal de São
Carlos), o critério metodológico
de pesquisas pode causar variações no "mapa da pobreza".
"É difícil dizer que uma cidade é
menos ou mais pobre. O que dá
para observar é que, na maioria
das cidades de médio e grande
porte, a pobreza acompanha a falta de qualificação e de escolaridade", diz a professora.
Para a pesquisadora, a alta taxa
de migração em busca de loteamentos acabou aumentando a
pobreza tanto em São Carlos
quanto em Araraquara.
A disputa pelo título de "menos
pobre" parece não importar para
a população atingida pela linha de
pobreza, que não vê perspectivas
de mudanças.
"A situação piora a cada dia. Sobrevivo catando e vendendo papelão. Com isso, chego a colocar
até R$ 300 por mês em minha casa, mas não é suficiente para sustentar meu filho e minha mulher", afirma Aguinaldo Bento
Garcia, 42, que mora no bairro
Água do Paiol, na periferia de
Araraquara.
A dona-de-casa Maria de Fátima Pereira, vizinha de Garcia,
acredita que só com aumento de
empregos a pobreza irá diminuir.
"A diferença entre ricos e pobres é
muito grande", disse.
Em São Carlos, a situação não é
muito diferente. O motorista Donizeti José dos Santos, morador
do bairro Jardim Gonzaga, está
sem emprego desde janeiro e faz
"bicos" para sobreviver.
"No último mês, consegui R$
150 e foi com isso que eu e minha
família vivemos. A situação do
país tira as esperanças", afirmou o
motorista.
(ALESSANDRO BRAGHETO)
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