Ribeirão Preto, Domingo, 03 de Outubro de 1999

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MAPA DA POBREZA 2
Enquanto uma tem os piores índices, a outra tem os melhores indicadores sociais
A 30 km de distância, Araraquara e São Carlos vivem realidades opostas

do enviado especial

Separadas por menos de 30 km de distância e detentoras de parques industriais desenvolvidos e com número de habitantes similares (cerca de 180 mil cada), as cidades de Araraquara e São Carlos estão em situações antagônicas no mapa da pobreza da região, segundo pesquisa do Ipea.
Enquanto São Carlos possui apenas 12,08% da população na linha de pobreza e 3,19% na linha de indigência (os menores índices da região), Araraquara tem os piores índices de pobreza (18,18%) e de indigência (6,77%) entre as quatro cidades que foram analisadas pela pesquisa.
Segundo Elza de Andrade Oliveira, pesquisadora do departamento de ciências sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), o critério metodológico de pesquisas pode causar variações no "mapa da pobreza".
"É difícil dizer que uma cidade é menos ou mais pobre. O que dá para observar é que, na maioria das cidades de médio e grande porte, a pobreza acompanha a falta de qualificação e de escolaridade", diz a professora.
Para a pesquisadora, a alta taxa de migração em busca de loteamentos acabou aumentando a pobreza tanto em São Carlos quanto em Araraquara.
A disputa pelo título de "menos pobre" parece não importar para a população atingida pela linha de pobreza, que não vê perspectivas de mudanças.
"A situação piora a cada dia. Sobrevivo catando e vendendo papelão. Com isso, chego a colocar até R$ 300 por mês em minha casa, mas não é suficiente para sustentar meu filho e minha mulher", afirma Aguinaldo Bento Garcia, 42, que mora no bairro Água do Paiol, na periferia de Araraquara.
A dona-de-casa Maria de Fátima Pereira, vizinha de Garcia, acredita que só com aumento de empregos a pobreza irá diminuir. "A diferença entre ricos e pobres é muito grande", disse.
Em São Carlos, a situação não é muito diferente. O motorista Donizeti José dos Santos, morador do bairro Jardim Gonzaga, está sem emprego desde janeiro e faz "bicos" para sobreviver.
"No último mês, consegui R$ 150 e foi com isso que eu e minha família vivemos. A situação do país tira as esperanças", afirmou o motorista.
(ALESSANDRO BRAGHETO)


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