Ribeirão Preto, Domingo, 04 de Fevereiro de 2001

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Para guarda, presídio é forma de castigo

DO ENVIADO ESPECIAL A ARARAQUARA

Apesar de a carga horária ser menor -um dia de trabalho e dois de descanso- e evitar um confronto direto com ladrões nas ruas, a maioria dos policiais militares que trabalha em uma penitenciária considera o serviço como um castigo dado pelo comando da corporação.
"Com certeza é olhado dessa forma (como castigo), principalmente, para quem não tem interesse de ir para lá", afirmou o soldado da Polícia Militar Jorge (nome fictício).
O policial só concordou em dar a entrevista desde que seu nome não fosse divulgado. Ele teme ser punido pela corporação.
Para Jorge, há seis anos na corporação, a maioria da corporação gosta de trabalhar no policiamento motorizado para ter contato com o público.
De acordo com ele, sua transferência da rua para a guarda da Penitenciária de Ribeirão Preto, ocorreu em razão de um desentendimento com um superior. "Quiseram me castigar."
Jorge afirma que grande parte do efetivo que trabalha em uma penitenciária é formada por policiais com algum problema disciplinar ou restrição médica.
"Tem dois (policiais) que foram colocados lá (na penitenciária) porque não se adaptaram em nenhum outro serviço. Colocaram no tático, não deu certo; colocaram no RPP (Rádio Patrulhamento Padrão), não deu certo. Aí mandaram para a penitenciária para não dar mais problemas. Tem outro lá que responde por abuso de autoridade", disse.
Ainda segundo Jorge, na penitenciária de Ribeirão, o policial não tem contato com os detentos, o que dificulta qualquer tipo de suborno. "Até nas escoltas a gente só dá apoio. Quem leva e tem maior contato são os agentes (penitenciários)", disse.
Jorge afirmou também que em Ribeirão existem policiais que estão nos locais por opção própria. "Para fugir de problemas", disse.


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