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CRISE CARCERÁRIA 2
Para especialista, transferências de detentos é demonstração de que prisioneiros comandam cadeias
"Amadorismo" permite privilégios a presos
DA REDAÇÃO, EM RIBEIRÃO
DA FOLHA RIBEIRÃO
O "amadorismo" com que são
conduzidas as penitenciárias do
Estado e a má formação técnica
de diretores e da própria Secretaria de Estado da Administração
Penitenciária permite muitos privilégios aos detentos, de acordo
com o o coronel aposentado da
PM José Vicente da Silva Filho, do
Instituto Fernand Braudel.
"Para tentar manter a calma, os
presídios fazem transferências de
presos como eles (detentos) querem. Isso contribui para a formação de grupos dentro das unidades prisionais", afirmou.
Para Silva Filho, o fruto da relação de "vistas grossas" feita pela
polícia com os detentos é tido como o motivo do surgimento de
facções criminosas, como o PCC
(Primeiro Comando da Capital)
ou o CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade). Os grupos hoje estão presentes em praticamente todas as penitenciárias do Estado.
Silva Filho disse acreditar que os
problemas nas unidades se agravam a cada dia e que só uma polícia específica poderia amenizar a
situação.
"O sistema de prisões é muito
frágil. É só ver a situação de Araraquara. O diretor chega, pega
cinco presos, sai e ninguém pergunta nada. E se o diretor quiser,
durante o dia, abrir o portão e
mandar todos saírem? Ninguém
perguntaria nada também?", afirmou o delegado da PF (Polícia Federal) de Ribeirão Preto Wilson
Alfredo Perpétuo.
Para o delegado da PF, só existe
problemas nas unidades carcerárias da região de Ribeirão porque
falta autoridade para evitar que isso aconteça.
"Os bandidos agem livremente.
Para entrar na cadeia, eu, que sou
delegado, preciso passar por revista e não permitem que eu entre
armado ou com celular. Como os
bandidos têm isso? O sistema é altamente falho e tem que ser resolvido", afirmou Perpétuo.
Soluções
As propostas para se melhorar a
segurança nas penitenciárias são
várias, indo desde a criação de
uma guarda especializada até a
punição a funcionários que facilitarem fugas ou resgates.
"O funcionário que ajudar alguém a fugir cumpriria pena até
que o preso que foi libertado seja
recapturado. Se o detento não for
pego novamente, o funcionário
cumpre o restante da pena", afirmou Perpétuo à Folha.
O secretário de Estado da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, foi procurado durante a semana, mas não foi encontrado.
(MARCELO TOLEDO E ROGÉRIO PAGNAN)
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