Ribeirão Preto, Domingo, 04 de Março de 2001

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EDUCAÇÃO PARA POUCOS 3
Cursos de enfermagem, contabilidade e física médica concentram os alunos mais experientes
Calouro da USP está ficando mais velho


DA FOLHA RIBEIRÃO

Nos últimos anos, a média de idade vem subindo entre os calouros da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto.
Entre os matriculados este ano, 70% têm de 16 a 19 anos e 27% estão na faixa etária de 20 a 23. Já, no ano passado, 74% tinham até 19 anos e 24%, de 20 a 23.
De acordo com a análise da USP, o dado pode ser explicado pelo aumento de alunos que passaram pelo curso pré-vestibular, que subiu de 61%, em 1998, para 75% neste ano.
Os alunos mais novos do campus estão concentrados nos cursos de farmácia (com 87% de 16 a 19 anos), administração (80%), biologia (79%) e psicologia (79%).
Já os mais velhos estão em enfermagem (47% acima dos 20 anos), contabilidade (49%) e física médica (42%).
De acordo com o educador Carlos da Fonseca Brandão, o aumento da média de idade significa uma maior procura pela universidade mesmo após a definição de uma profissão.
"Antes, as pessoas optavam ou pela faculdade, considerada carreira acadêmica, ou pelo trabalho. Agora, são poucos os que se dedicam somente à universidade. Geralmente, ela é um meio para um bom trabalho, um bom salário, que só o emprego não garante mais", completou.
Brandão afirma que houve uma constante piora no ensino técnico. "Antes, os cursos formavam profissionais de qualidade. Hoje é necessário uma universidade."
Ainda de acordo com o educador, o aumento da faixa etária entre os universitários está junto com o aumento de alunos de Ribeirão e região, o número de cursos noturnos e a quantidade de alunos que trabalham.
Ele afirma que alunos mais novos preferem sair de casa e estudar longe dos pais. Já os mais velhos -com situação familiar definida e emprego- apresentam mais resistência em sair do município de origem.
"A USP Ribeirão Preto, até pela cidade ser de grande importância econômica, tende a oferecer cada vez mais cursos noturnos para suprir a demanda dos que trabalham, dos que precisam trabalhar. Isso é extremamente importante para assegurar que a universidade pública marque sua importância."
Os alunos acima dos 20 anos ouvidos pela Folha afirmam que ainda são minoria em suas salas de aula. Na classe do ribeirão-pretano José Eduardo Foleto, 25, estudante de economia, há somente 14% de colegas dentro da sua faixa etária (24 anos ou mais).
"Além de não haver quase ninguém nascido em Ribeirão, ainda não há pessoas da minha idade na sala. Isso me deixa um pouco envergonhado, mas não me impede de me esforçar."
Já Tolouse Leusin Pinheiro, 20, afirma que em medicina não se sente tão "excluído".
"É um curso bastante concorrido e, por isso, boa parte do pessoal é mais velho, pois teve de fazer cursinho para entrar na faculdade", declarou.
Em medicina este ano, o percentual de alunos de 16 a 19 anos é de 72% e a taxa de estudantes acima de 20 anos, de 28%.



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