|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO PARA POUCOS 3
Cursos de enfermagem, contabilidade e física médica concentram os alunos mais experientes
Calouro da USP está ficando mais velho
DA FOLHA RIBEIRÃO
Nos últimos anos, a média de
idade vem subindo entre os calouros da USP (Universidade de
São Paulo) de Ribeirão Preto.
Entre os matriculados este ano,
70% têm de 16 a 19 anos e 27% estão na faixa etária de 20 a 23. Já, no
ano passado, 74% tinham até 19
anos e 24%, de 20 a 23.
De acordo com a análise da
USP, o dado pode ser explicado
pelo aumento de alunos que passaram pelo curso pré-vestibular,
que subiu de 61%, em 1998, para
75% neste ano.
Os alunos mais novos do campus estão concentrados nos cursos de farmácia (com 87% de 16 a
19 anos), administração (80%),
biologia (79%) e psicologia
(79%).
Já os mais velhos estão em enfermagem (47% acima dos 20
anos), contabilidade (49%) e física médica (42%).
De acordo com o educador Carlos da Fonseca Brandão, o aumento da média de idade significa
uma maior procura pela universidade mesmo após a definição de
uma profissão.
"Antes, as pessoas optavam ou
pela faculdade, considerada carreira acadêmica, ou pelo trabalho.
Agora, são poucos os que se dedicam somente à universidade. Geralmente, ela é um meio para um
bom trabalho, um bom salário,
que só o emprego não garante
mais", completou.
Brandão afirma que houve uma
constante piora no ensino técnico. "Antes, os cursos formavam
profissionais de qualidade. Hoje é
necessário uma universidade."
Ainda de acordo com o educador, o aumento da faixa etária entre os universitários está junto
com o aumento de alunos de Ribeirão e região, o número de cursos noturnos e a quantidade de
alunos que trabalham.
Ele afirma que alunos mais novos preferem sair de casa e estudar longe dos pais. Já os mais velhos -com situação familiar definida e emprego- apresentam
mais resistência em sair do município de origem.
"A USP Ribeirão Preto, até pela
cidade ser de grande importância
econômica, tende a oferecer cada
vez mais cursos noturnos para suprir a demanda dos que trabalham, dos que precisam trabalhar.
Isso é extremamente importante
para assegurar que a universidade
pública marque sua importância."
Os alunos acima dos 20 anos
ouvidos pela Folha afirmam que
ainda são minoria em suas salas
de aula. Na classe do ribeirão-pretano José Eduardo Foleto, 25, estudante de economia, há somente
14% de colegas dentro da sua faixa
etária (24 anos ou mais).
"Além de não haver quase ninguém nascido em Ribeirão, ainda
não há pessoas da minha idade na
sala. Isso me deixa um pouco envergonhado, mas não me impede
de me esforçar."
Já Tolouse Leusin Pinheiro, 20,
afirma que em medicina não se
sente tão "excluído".
"É um curso bastante concorrido e, por isso, boa parte do pessoal é mais velho, pois teve de fazer cursinho para entrar na faculdade", declarou.
Em medicina este ano, o percentual de alunos de 16 a 19 anos é
de 72% e a taxa de estudantes acima de 20 anos, de 28%.
Texto Anterior: Reitor diz que é preciso igualdade social Próximo Texto: Grande maioria utiliza a rede mundial Índice
|