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EDUCAÇÃO PARA POUCOS 2
Para Marcovitch, cota de negros nas universidades não é solução para problema da minoria
Reitor diz que é preciso igualdade social
DA FOLHA RIBEIRÃO
O reitor da USP, Jacques Marcovitch, afirmou que a disparidade racial entre os alunos da Universidade de São Paulo não é exclusivo da instituição, mas sim
um problema que atinge toda a
sociedade brasileira.
"É uma questão social que tem
de ser resolvida. Para isso, é preciso criar maiores oportunidades
ao aluno desde seus primeiros
anos de estudo."
De acordo com ele, o índice de
negros em todos os campi da USP
não difere muito do registrado em
Ribeirão (0,6%).
Por esse motivo, o reitor disse
ser contra as cotas de negros na
universidade. "É uma solução falsa para um problema real."
Segundo ele, as cotas apenas
criariam outra segregação dentro
da instituição de ensino. "Você
acabaria tirando o critério do mérito, que é a base do vestibular. O
problema é bem mais profundo. é
preciso criar condições para que o
negro, ou o pobre, ou outro qualquer, entrem na universidade em
condições de igualdade com qualquer outro."
Ele afirmou que um dado que
comprova isso seria a quantidade
de negros na pós-graduação.
"Embora não tenhamos dados
exatos a respeito do assunto,
comprovadamente o número de
negros é maior. Isso porque já depende dos méritos alcançados na
universidade, que iguala a todos, e
não no ensino médio ou fundamental."
Ele disse também que os alunos
da universidade são em sua maioria classe média e que por isso não
podem ser considerados elite.
"Essa visão está mudando e é
defendida por aqueles que querem privatizar a escola pública."
Marcovitch disse ainda que o fato de haver cada vez mais alunos
nas universidades públicas que
vieram de instituição particular
também reflete a disparidade social no país.
Com relação ao número de estudantes de Ribeirão Preto ter aumentado neste ano, ele explicou o
dado por dois motivos.
O primeiro seria o aumento de
alunos que preferem ficar no núcleo familiar. "Se existe opção na
própria cidade do estudante permanecer no local ou numa cidade
vizinha, ele acaba ficando. Tanto
pelo aumento da violência urbana
quanto pela valorização da família", completou.
A segunda explicação, de acordo com o reitor, seria a regionalização das faculdades. "O número
das instituições superiores de ensino vem aumentando muito.
Além disso, a própria cidade é um
pólo regional que atrai pessoas
para trabalhar e estudar."
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