Ribeirão Preto, Domingo, 4 de abril de 1999

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O Vigário de Tambaú

da Folha Ribeirão

Tambaú chega a receber 40 mil romeiros que buscam os milagres do padre Donizetti Tavares de Lima (1882-1961).
O pico das visitas é o aniversário de morte do religioso, que ocorre na semana de 16 de junho.
Nascido em Cássia (MG), o "sr. Vigário", como era conhecido, passou a ter fama de milagreiro nos anos 50, quando foram registrados os primeiros casos. Segundo o arquivo da cidade, existem catalogados 700 depoimentos de curas e outras graças.
O padre italiano Dante Donzelli, postulador do processo de beatificação do vigário, afirma que está investigando 15 casos de supostos milagres. Todos sigilosos.
"Achamos que em cinco anos ele possa ser beatificado", diz o postulador, uma espécie de advogado que defende a canonização.
Para isso, o processo deve ser enviado ao Vaticano, que analisará o caso. Lá, um tribunal especial irá beatificá-lo ou não.
Farão parte do processo final provas da fama do padre, como, por exemplo, uma lista de Donizettis que receberam este nome em homenagem ao vigário.
A lista ainda não está concluída, mas estima-se que 1 milhão de brasileiros dizem se chamar Donizetti em homenagem ao padre.
Um deles é Armelino Donizetti Quogliato, 34, o goleiro Zetti, campeão mundial pelo São Paulo, atualmente defendendo o Santos.
"Somos devotos do padre, por isso nosso filho recebeu este nome", afirmou a mãe do jogador, Manoela Quogliato. "Apesar disso, só estive em Tambaú uma única vez", afirmou Zetti.
O jornalista Joelmir Beting foi um dos que parecem ter recebido uma graça do padre. Segundo o livro "As Maravilhas do Pe. Donizetti" (do bispo dom Dadeus Grings), Beting, ainda menino, se livrou da sua gagueira após um almoço com o padre.
"Ele curava mesmo todo mundo, mas isso era normal para nós", disse Ana Mazza Garcia Duarte, 71, que conviveu com o padre.

Romeiros
A aposentada Francisca Gregório Ramos, 75, afirma que andava escorada nas paredes antes de visitar Tambaú pela primeira vez.
"Fui operada da coluna duas vezes, mas, em vez de melhorar, piorou. Sarei quando molhei o pé na água que sai da sepultura do padre Donizetti", diz. Em retribuição, a aposentada sai de São Paulo e viaja uma vez por ano para Tambaú.
(LUÍS EBLAK e ALESSANDRO SILVA)


Colaborou Fausto Siqueira, da Agência Folha, em Santos



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