Ribeirão Preto, Domingo, 4 de abril de 1999

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TRANSPORTE COLETIVO
Piso tátil no terminal e método com símbolos e cores dá independência a usuário de transporte
Franca adota sistema para deficiente visual

da Folha Ribeirão

Um sistema de sinalização especial que está sendo implantado em Franca (88 km de Ribeirão Preto) permite que deficientes visuais e analfabetos utilizem sozinhos o transporte coletivo.
O terminal de ônibus no centro, recém-inaugurado, tem um piso tátil, ou seja, um corredor com o chão mais áspero, por onde deficientes visuais podem caminhar sem esbarrar em nada.
As inovações começaram a ser implantadas no final de fevereiro, quando a prefeitura integrou as linhas de ônibus por meio de catracas eletrônicas.
Franca é a primeira cidade da região a ter um sistema de ajuda específico aos usuários de ônibus urbanos que têm deficiência.
Cada uma das 31 linhas de ônibus recebeu um símbolo geométrico e uma cor diferente.
Assim, crianças e pessoas que não sabem ler podem memorizar aquelas que mais usam.
A frota de veículos ainda será substituída gradativamente por ônibus pintados internamente com cores fora do convencional.
"O objetivo é provocar contraste visual e ajudar quem enxerga pouco", disse Renato Boareto, diretor de transporte e trânsito.
Segundo o Dinfra (Distrito Industrial de Franca), órgão da prefeitura que gerencia o transporte urbano, 20 ônibus (20% da frota) já têm corrimão laranja nos corredores e bancos cinza.
"O piso tátil para cegos que implantamos é inédito no país", afirmou. A novidade chegou a ser testada em Curitiba (PR).
O Dinfra estuda ainda a inclusão de ônibus especiais para deficientes físicos, que se locomovem em cadeiras de rodas. Primeiro, a prefeitura fará um cadastramento.

Usuários
Antes de dar início às mudanças físicas no sistema de transporte coletivo, a prefeitura treinou um grupo de 16 funcionários para usar a linguagem dos sinais de mão.
Hoje, os postos de atendimento de ônibus têm um servidor municipal preparado para se comunicar com os deficientes auditivos.
Em Franca, segundo levantamento feito pela prefeitura, há 130 deficientes auditivos e outros cem visuais.
Se levados em conta as crianças e os analfabetos, as medidas devem beneficiar cerca de 20% da população da cidade.
Em torno de 50 mil pessoas utilizam o transporte coletivo todos os dias em Franca, de acordo com estimativa do Dinfra.
A prefeitura estuda ainda a colocação de placas em braile (linguagem escrita para cegos) para explicar como funcionam as linhas.
Em breve, o município deverá testar placas portáteis, como o nome do ônibus, que serão usadas pelos cegos para parar os veículos.
O custo do investimento não foi divulgado pela prefeitura. "Um sistema como esse tem um custo de implantação irrisório, principalmente se comparado ao benefício social", diz Boareto.



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