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SEGURANÇA 3
Em treinamento, guarda de Ribeirão Preto dá 120 tiros para poder sair às ruas; policial militar dispara 450
PM atira quase 5 vezes mais que GCM
DA REDAÇÃO, EM RIBEIRÃO
Um policial militar da região
treina no mínimo quase quatro
vezes mais do que um guarda municipal de Ribeirão Preto antes de
sair às ruas.
Segundo a escola de soldados da
PM de Jardinópolis, um policial
dá, na pior das hipóteses, 450 tiros
para poder usar um revólver e fazer a segurança na região.
A GCM (Guarda Civil Municipal) de Ribeirão, no entanto, atira
120 vezes antes de trabalhar nas
ruas.
Comparando o tempo de formação, o guarda faz um mês de
curso sobre teoria e prática de tiro, enquanto um PM realiza um
ano de aulas, sendo 160 horas específicas para atirar.
A comparação fica ainda mais
discrepante se for levado em conta o número mínimo de tiros dados por um policial dos EUA para
sair às ruas armado: 3.500, ou seja,
quase 30 vezes mais que a marca
da Guarda Municipal de Ribeirão.
"Nem dá para comparar. Assusta", afirma o ex-deputado Hélio
Bicudo, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da
OEA (Organização dos Estados
Americanos). Ferrenho crítico
das guardas, ele defende a unificação das Polícias Civil e Militar.
"O armamento indiscriminado
(das guardas municipais) é extremamente perigoso", afirmou a
geógrafa urbana Sueli Andruccioli Felix, da Unesp de Marília.
Para um instrutor de tiros de
polícias de todo o país -que não
quis se identificar -, o mínimo
aceitável para se usar uma arma é
mais de 4.000 tiros.
Segundo ele -consultor de
corporações de São Paulo-,
quanto mais se atira, mais segurança o agente terá.
Mas talvez o que mais impressione é o fato de se questionar o
uso de armamentos frágeis se
comparados aos do crime organizado.
Numa região em que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
do Narcotráfico apura ligações de
quadrilhas locais com o crime organizado internacional, os revólveres calibre 38 da GCM nada representam frente aos AR-15 (ou
M-16), ao FAL (Fuzil Automático
Leve) e aos AK-47 dos traficantes.
Os equipamentos das quadrilhas só são inferiores aos do Exército brasileiro, mesmo assim levando-se em conta que a instituição militar tem armamento pesados (como canhões e morteiros,
típicos de guerra).
"Para que ter guarda armada
com 38, se o crime organizado
carrega equipamentos infinitamente superiores?", diz o instrutor de tiro.
Despreparo
A falta de preparo no uso das armas tem estados relacionada a
acusações contra as guardas no
interior do Estado.
Em Campinas, por exemplo,
uma CEI (Comissão Especial de
Investigação) da Câmara apura o
suposto abuso de poder da Guarda Municipal frente aos perueiros
durante uma manifestação a favor do transporte alternativo no
final do ano passado.
A discussão na cidade voltou à
tona depois que houve uma chacina de três pessoas num lixão da
cidade. Membros da Guarda Municipal de Campinas são acusados
de participação no crime.
Em São Paulo, a Guarda Civil
Metropolitana da capital se envolveu em processos em que foi acusada de excessos.
"Em um deles, houve confronto
entre guardas e policiais militares
em plena rua da capital", afirmou
o sociólogo do NEV (Núcleo de
Estudos da Violência) da USP
Luís Antônio Francisco Souza.
"A arma representa mais segurança ou não? Minha resposta é
não. Com ela, diferentemente do
que se espera, o policial fica mais
inseguro ainda", disse o psicólogo
social Luiz Carlos da Rocha.
(LUÍS EBLAK)
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