Ribeirão Preto, Domingo, 04 de Setembro de 2011

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Centenário da Antarctica resgata lenda

Fábrica, que marcou a história de Ribeirão, faz ressurgir o mito da serpentina que leva a bebida a uma choperia

Para historiadora, indústria formou nova classe de trabalhadores e fez da cidade um centro de referência


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


O dia em que a canadense Molson Coors anunciou o fechamento da Companhia Antarctica Paulista em Ribeirão Preto, há oito anos, ficou marcado como o fim de uma era.
Mas o centenário da Antarctica em Ribeirão, comemorado no último dia 11, ainda é lembrado por uma "lenda urbana": a famosa serpentina de chope que ligaria a fábrica da Antarctica à choperia Pinguim, no centro.
"Historicamente, isso nunca ficou comprovado", diz Tânia Cristina Registro, historiadora do Arquivo Público e Histórico de Ribeirão.
Para ela, a Antarctica representa mais que a bebida que projetou Ribeirão como a "capital do chope".
"Foi uma das primeiras indústrias a serem instaladas, que formou uma nova classe de trabalhadores.
Surgiram operários com mão de obra qualificada para trabalhar com maquinário", explicou.
Ainda segundo ela, a Antarctica fez de Ribeirão um centro referência do interior. O arquiteto Cláudio Bauso, membro do Conppac (Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural), disse que a fábrica representa um marco para a Vila Tibério e o centro histórico de Ribeirão, que passou a viver uma efervescência cultural significativa.
"Foi a primeira fábrica da Antarctica fora da capital, que proporcionou, mais tarde, que a cidade tivesse dois teatros de ópera por 17 anos".
A fábrica em Ribeirão também produziu soda limonada e guaraná. Até os anos 1970, a Antarctica teve a Companhia Paulista, de capital local, como concorrente. Em 1973, as duas empresas se fundiram e nasceu a Cervejaria Antarctica Niger S/A.

FIM DAS ATIVIDADES
Quando foi desativada, em junho de 2003, a fábrica possuía 140 funcionários e era considerada velha demais pela sua então proprietária Molson Coors.
Com o fechamento, surgiram comentários sobre a mudança do gosto da cerveja.
Segundo Maurício Beltramelli, professor de sommelier de cervejas da Doemens Academy, da Alemanha, e do Senac, o gosto das bebidas sofre alteração no transporte. "Não há como negar: cerveja boa é aquela que vem de onde é possível ver a chaminé de sua fábrica." (GY)



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