Ribeirão Preto, Segunda-feira, 05 de Janeiro de 2009

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Ação dos policiais mostra um padrão, dizem especialistas

DA FOLHA RIBEIRÃO

A ação de policiais militares e civis em denúncias de execução, tortura e negligência demostram um padrão de comportamento e revelam uma deficiência na formação do efetivo, na opinião de especialistas ouvidos pela Folha.
Segundo a professora de história da PUC Vera Lúcia Vieira, o objetivo do mapeamento feito pela universidade é denunciar a "ilegalidade promovida pelo Estado". "Ainda vemos hoje características da tortura na época da ditadura militar."
Segundo ela, os pesquisadores do observatório identificaram um padrão nas ações. A polícia, diz, chega próximo da pessoa e alega que recebeu denúncia de assalto.
"A pessoa é ferida, colocada no camburão e já chega no hospital morto. Quando vemos o laudo do IML, as pessoas foram mortas à queima roupa. São mortos que estavam sob a guarda do Estado."
Na hora de colher as provas, diz ainda, muitas vezes o local do crime foi violado pela própria polícia, as provas somem e nem sempre é feita perícia.
Quanto aos mortos, o padrão é o esperado: pobres, pardos, adolescentes ou jovens. Alguns têm antecedente criminal, o que afrouxa a tolerância da sociedade para práticas truculentas. "A polícia alega que está seguindo um procedimento padrão. E a população acha que está em um estado de guerra, que todos são suspeitos e fecha os olhos para abusos."
Na opinião do advogado Theodomiro Dias Neto, da FGV/SP, especialista em segurança pública, a tortura e os excessos ainda são problemas sérios na polícia, que precisam ser contidos com mecanismos de controle como Ouvidoria, Ministério Público e a mídia.
"É necessário controle também interno, punição e mecanismos de treinamento e formação policial", diz ele.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública disse que o crime de tortura é procedimento irregular de natureza grave, que pode causar a expulsão do policial, e que todas as denúncias são encaminhadas para a Corregedoria, que abre inquérito para apurar.


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