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Ação dos policiais mostra um padrão, dizem especialistas
DA FOLHA RIBEIRÃO
A ação de policiais militares e
civis em denúncias de execução, tortura e negligência demostram um padrão de comportamento e revelam uma deficiência na formação do efetivo, na opinião de especialistas
ouvidos pela Folha.
Segundo a professora de história da PUC Vera Lúcia Vieira,
o objetivo do mapeamento feito pela universidade é denunciar a "ilegalidade promovida
pelo Estado". "Ainda vemos
hoje características da tortura
na época da ditadura militar."
Segundo ela, os pesquisadores do observatório identificaram um padrão nas ações. A
polícia, diz, chega próximo da
pessoa e alega que recebeu denúncia de assalto.
"A pessoa é ferida, colocada
no camburão e já chega no hospital morto. Quando vemos o
laudo do IML, as pessoas foram
mortas à queima roupa. São
mortos que estavam sob a
guarda do Estado."
Na hora de colher as provas,
diz ainda, muitas vezes o local
do crime foi violado pela própria polícia, as provas somem e
nem sempre é feita perícia.
Quanto aos mortos, o padrão
é o esperado: pobres, pardos,
adolescentes ou jovens. Alguns
têm antecedente criminal, o
que afrouxa a tolerância da sociedade para práticas truculentas. "A polícia alega que está seguindo um procedimento padrão. E a população acha que
está em um estado de guerra,
que todos são suspeitos e fecha
os olhos para abusos."
Na opinião do advogado
Theodomiro Dias Neto, da
FGV/SP, especialista em segurança pública, a tortura e os excessos ainda são problemas sérios na polícia, que precisam
ser contidos com mecanismos
de controle como Ouvidoria,
Ministério Público e a mídia.
"É necessário controle também interno, punição e mecanismos de treinamento e formação policial", diz ele.
A assessoria de imprensa da
Secretaria de Segurança Pública disse que o crime de tortura
é procedimento irregular de
natureza grave, que pode causar a expulsão do policial, e que
todas as denúncias são encaminhadas para a Corregedoria,
que abre inquérito para apurar.
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