Ribeirão Preto, Sábado, 06 de Fevereiro de 2010

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Contra dengue, Ribeirão irá mirar catador

Itens recicláveis acumulados nos quintais podem ser levados para central de triagem, após negociação, ou até confiscados

Poderão ter os materiais recolhidos quem não cobrir os seus produtos recicláveis com lona, para evitar o acúmulo de água

ADEMIR TERRADAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Uma das principais causas da proliferação de criadouros da dengue, os materiais acumulados nos quintais por catadores de recicláveis estão na mira da Prefeitura de Ribeirão Preto. Uma ação entre o Departamento de Fiscalização Geral e a Divisão de Controle de Vetores prevê negociação para levar os itens à central de triagem e até o confisco dos produtos.
"É uma situação preocupante que tem de ser combatida pelo poder público e pela população", disse ontem a secretária da Saúde, Carla Palhares.
Ribeirão registrou, até a tarde de ontem, 804 casos confirmados de dengue. A maior incidência da doença é na região leste da cidade, justamente em bairros populosos e com muitos moradores que juntam lixo reciclável no quintal.
Entre as medidas tomadas para eliminar os depósitos a céu aberto, está a negociação com esses moradores, que podem cobrir os materiais com lona ou enviá-los ao projeto Mãos Dadas, uma cooperativa que vende materiais coletados para empresas de reciclagem.
"Eles terão a opção de se associar à cooperativa e, com isso, receber bags [sacolas para guardar grandes quantidades de latas e garrafas] e evitar que o material coletado se torne criadouro do mosquito da dengue", afirma a chefe da Divisão de Controle de Vetores, Cristina O'Grady Lima.
Uma empresa de reciclagem da cidade já firmou compromisso com a Prefeitura e, a partir da próxima segunda-feira, vai fornecer as sacolas reutilizáveis para os catadores que se associarem à cooperativa.
Já os que se recusarem a cobrir os recicláveis ou a trabalhar em parceria com a cooperativa poderão ter os materiais levados por funcionários da Secretaria de Infraestrutura.
"Quando detectamos depósitos a céu aberto, comunicamos a Vigilância, que vai ao local e orienta o catador, até com o apoio da polícia. Caso não haja acordo, o material será removido e levado ao aterro sanitário", diz o chefe da fiscalização geral, Osvaldo Braga.
Segundo Braga, os donos dos imóveis onde os materiais ficam armazenados podem ser multados pela Fiscalização Geral caso não seja encontrado o responsável pelos recicláveis armazenados no local.
A Folha visitou na tarde de ontem uma casa na rua Júlio Ribeiro, no Parque Ribeirão, onde o dono armazena no quintal, próximo ao portão, garrafas pet. No momento da visita, o material estava descoberto. A dona da casa não quis falar com a reportagem.
Hoje, 250 agentes do controle de vetores vão percorrer, das 7h às 19h, nove bairros de Ribeirão para eliminar criadouros e orientar a população. "No último sábado, encontramos menos casas fechadas, e ainda podemos visitar imóveis que ficaram pendentes [encontrados fechados na primeira visita]", afirma Lima.
A ação servirá também para identificar áreas onde há necessidade de arrastões. No primeiro arrastão do ano, na última quarta, no Jardim Zara, 350 agentes removeram cinco caminhões com objetos inúteis.


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