Ribeirão Preto, Sábado, 06 de Fevereiro de 2010

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Após "derrotar" CPI, Feira do Livro poderá perder verba

Para vereadores, liberação de R$ 500 mil depende de apuração das denúncias

Presidente da fundação muda discurso e diz que vereadores e secretarias vão participar do controle da aplicação dos recursos

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Câmara de Ribeirão Preto, embora tenha engavetado anteontem o pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as contas da Feira do Livro de 2009, pode barrar o repasse de recursos municipais ao evento, o maior programa cultural da cidade.
Ao menos cinco vereadores ouvidos pela Folha, incluindo o líder do governo na Casa, Marcelo Palinkas (DEM), afirmaram que, enquanto não forem investigadas as denúncias de superfaturamento das contas do evento realizado no ano passado, a subvenção municipal de R$ 500 mil não será aprovada, o que significaria a saída da prefeitura da feira.
Por outro lado, ninguém explica por que o pedido de CPI, que seria votado anteontem conforme acordo selado na terça pela maioria dos vereadores, foi engavetado pela presidência da Casa. Questionado pela Folha, o presidente Cícero Gomes da Silva (PMDB), a quem cabe decidir os projetos que entram na pauta, disse, sem explicar, que entre a terça e anteontem surgiram "fatos novos".
Samuel Zanferdini (PMDB), líder de seu partido na Câmara, afirmou que não entendeu o porquê de o projeto não ter sido incluído na pauta de votação. Ele foi um dos 15 a assinar um requerimento anteontem pedindo ao Ministério Público Estadual que investigue os documentos que subsidiaram as denúncias contra a Fundação Feira do Livro, responsável pela realização da feira.
Os documentos foram levantados pela CEE (Comissão Especial de Estudos) que apurava denúncias de superfaturamento nas contas da fundação, sob a presidência do vereador Walter Gomes (PR).
"Não entendi por que retirar. Uma coisa não obsta a outra", afirmou Zanferdini, que é favorável à CPI.
Cícero Gomes disse à Folha que teve aval dos vereadores para não colocar a CPI em votação, o que não foi confirmado por pelo menos outros dois vereadores ouvidos pela reportagem, além de Zanferdini. O presidente sempre se posicionou contrariamente à CPI.
Sem ameaça de investigação, a relação entre a presidente da Fundação Feira do Livro, Isabel de Farias, e a Câmara ganhou novo contorno ontem.
Segundo a presidente, na próxima edição da feira, que será entre os dias 10 e 20 de junho, os vereadores, assim como as secretarias da Educação e da Cultura, vão participar diretamente do controle da aplicação dos recursos municipais.
"Vamos montar uma comissão, para a gente ter dois vereadores, a secretária da Cultura, da Educação, um representante de cada universidade, das instituições literárias, para definir a programação da feira e a maneira como vamos gastar esse dinheiro [subvenção municipal] com essas pessoas", afirmou Farias.
Na última terça-feira, quando foi questionada pela Folha sobre a possibilidade de não receber recursos da Prefeitura de Ribeirão Preto, fato que foi levantado pelo vereador Walter Gomes, autor do pedido de CPI, a presidente da fundação afirmou que não precisava do dinheiro da prefeitura para realizar o evento.


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