Ribeirão Preto, Domingo, 06 de Setembro de 2009

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Irã envia xeques a frigoríficos brasileiros

Atualmente no Brasil, há 20 líderes religiosos, espalhados em frigoríficos, somente para certificar a carne comprada

Por conforto e para que eles possam ter comida "halal", frigorífico destina casa exclusiva para delegações de comprador estrangeiro

DA ENVIADA ESPECIAL A BARRETOS

Para atestar o caráter "halal" da carne brasileira, o governo do Irã envia até xeques aos frigoríficos. Na unidade de Barretos do Minerva, a Folha entrevistou o supervisor de todos os 20 líderes religiosos que estão no país atualmente apenas para certificar o produto.
Mohammad Najafizadeh, 58, assim como todo muçulmano praticante, reza cinco vezes ao dia, mesmo se estiver no frigorífico. Há uma sala exclusiva para as delegações de iranianos na unidade do Minerva em Barretos, onde as orações, feitas com o corpo voltado à cidade de Meca, acontecem.
Conforme o degolador iraniano Omid Bahojb, 31, integrante da delegação do Irã e único que fala português, Najafizadeh é o certificador do governo para o aspecto religioso da degola e limpeza.
Um documento chamado "certificado de abate islâmico" é assinado pelo xeque -caso contrário a carne importada não é aceita.
"O Irã é um país islâmico e muito rigoroso em relação a isso [inspeção religiosa]. Se não tiver a certificação, o país não abre suas portas", diz Bahojb.
Além de Bahojb, enviado a Barretos pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Irã, e Najafizadeh, integra a delegação persa o veterinário Najaf Mohsen, responsável pela certificação sanitária da carne comprada pelos iranianos. Assim como o xeque, ele é um representante do governo iraniano no frigorífico.
Em Barretos, a delegação vive em uma casa alugada pela empresa. O Minerva também aluga moradias nas cidades de Palmeiras de Goiás (GO), José Bonifácio (SP), Araguaína (TO) e Batayporã (MS), onde frigoríficos com produção "halal".
De acordo com a empresa, a casa é necessária para dar "conforto" e para que os persas possam ter alimentação "halal", mais difícil de ser encontrada em hotéis -50% da exportação do Minerva é "halal".
Além de iranianos, se hospedam nas casas delegações da Argélia (África), e de Israel (Oriente Médio). É que os judeus de Israel também só compram "carne religiosa". Segundo a empresa, o processo de abate dos judeus, chamado "kosher", é feito por um rabino e seus assistentes. Ao contrário dos islâmicos, judeus só compram a carne da parte dianteira do boi. (VERIDIANA RIBEIRO)


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