Ribeirão Preto, Domingo, 06 de Setembro de 2009

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Por falta de "carne religiosa", islâmicos apelam a abate familiar em Barretos

DA ENVIADA ESPECIAL A BARRETOS

Enquanto o frigorífico Minerva abate 100 mil cabeças de gado de forma "halal", a comunidade árabe-islâmica de Barretos, onde há uma unidade da empresa, só consegue consumir carne comum, que nada tem de "religiosa".
Por isso, nas ocasiões especiais, os muçulmanos da cidade recorrem ao abate familiar. O iraquiano Ali Mahmoud, 29, que está no Brasil há três anos para fazer abate "halal", chegou a comprar animais em sítios na região e a fazer o abate da forma preconizada pelo islã para o consumo de xeques (líderes religiosos) que chegaram a Barretos há um mês.
A psiquiatra Jamilah Amin, 47, que considera contraditório não haver carne "halal" para consumo doméstico em Barretos, arrumou uma maneira de resolver o problema no açougue onde compra carne, bem ao estilo brasileiro.
"A gente pede com jeitinho para o açougueiro trocar a faca, limpar bem a carne, ou compra frango da Sadia, que a gente sabe que faz abate "halal'", afirmou Amin.
No Brasil, ao contrário de países da Europa e dos EUA, onde supermercados têm até gôndolas só com produtos "halal", o consumidor não encontra "comida religiosa" com facilidade.
"No Brasil, o movimento de imigração árabe foi constituído principalmente por libaneses e sírios e quase 60% desses imigrantes eram cristãos. Além disso, na Europa e nos EUA, eles [imigrantes árabes] ainda são ativos e parte importante na economia. No Brasil, a imigração praticamente não acontece mais", afirmou o libanês Faissal Atwi, 43, vice-presidente da Sociedade Árabe-Brasileira de Barretos.
Em São Paulo, os consumidores islâmicos têm mais facilidade, segundo o vice-presidente da certificadora Cibal Halal, Mohamed Hussein El Zoghbi. Além de açougues "halal", as próprias mesquitas se organizam fazendo pedidos aos produtores.


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