Ribeirão Preto, Sábado, 06 de Novembro de 2010

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Aeroporto é caso encerrado, diz Goulart

Segundo promotor, acordo judicial veta ampliação da pista do Leite Lopes e defender isso é "pensar pequeno"

Promotor afirma que o aeroporto está irregular e poderia ser fechado, mas o órgão foi flexível; Dárcy não comenta

Vinicius Oliveira/Folhapress
Os promotores Marcelo Goulart (à dir.) e AlbertoMachado

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

A ampliação da pista do aeroporto Leite Lopes, atual bandeira política da prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (DEM), já é "caso encerrado" e, no que depender do Ministério Público, não vai acontecer nunca.
Os promotores Marcelo Goulart e Antônio Alberto Machado concederam entrevista coletiva ontem para expor a posição da Promotoria e afirmar que não há TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) a ser "flexibilizado", como divulgou Dárcy.
O que existe desde 2008, lembraram os promotores, é um acordo judicial com peso de sentença com trânsito em julgado (sem recurso) que proíbe a ampliação da pista.
Pelo acordo, o Daesp (Departamento de Aeroviário do Estado de São Paulo) se comprometeu a não ampliar a pista e a Promotoria decidiu tolerar o funcionamento com as dimensões atuais.
"Do jeito que está hoje, o aeroporto poderia ser fechado porque está irregular. Só não aconteceu porque nós [promotores] fomos flexíveis [em 2008] e não levamos em frente o pedido de fechamento", afirmou Machado.
Em 8 de fevereiro de 2008, a Folha publicou a assinatura do acordo entre a Promotoria e o Daesp. Na época, o governo também se comprometeu a contratar o IPT (Instituto de Pesquisas e Tecnologia) para fazer o estudo sobre a curva de ruído.
O levantamento define as áreas onde o barulho dos aviões inviabiliza a ocupação. "Tudo isso está sendo cumprido. Por isso, o aeroporto está aberto", disse Goulart. Para ele, o discurso da internacionalização é totalmente vazio.
É que desde dezembro de 2002 há uma autorização da Anac para voos internacionais. Ou seja, o Leite Lopes pode operar internacionalmente, mas com aviões menores devido ao tamanho da pista (2,1 quilômetro).
Goulart e Machado convidaram para a coletiva o professor da USP Marcelo Pereira de Souza, especialista em estudos de impacto ambiental. "Tecnicamente, o Leite Lopes está totalmente inadequado", disse ele.
Tanto o professor como os promotores defenderam que Ribeirão "merece" um aeroporto maior, mas em outra área, para atender as necessidades da região.
Segundo Goulart, defender a ampliação da pista atual é "pensar pequeno". Ele não citou o nome de Dárcy, mas disse: "Um estadista de verdade, agora, lutaria por um novo aeroporto. Como fez Bauru e como está fazendo Rio Preto".
Um estudo indicou ao menos quatro áreas que poderiam receber um novo terminal, duas delas em Ribeirão, uma em Sertãozinho e outra em Jardinópolis.
Para o promotor, o alarde que está sendo feito atende só a interesses e pressões de mercado e de políticos.

OUTRO LADO
Dárcy preferiu não comentar o posicionamento da Promotoria. "O que cabe e está sendo feito pela administração é trabalhar politicamente junto aos órgãos competentes para viabilizar a internacionalização do aeroporto", diz trecho de nota enviada pela assessoria da prefeita.


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