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EDUCAÇÃO
Pais dizem ser obrigados a pagar taxa para assegurar vaga em escola municipal; diretora nega a imposição
Câmara investiga cobrança de matrícula
CRISTIANE BARÃO
da Reportagem Local
A Câmara de Ribeirão Preto investiga a cobrança de uma taxa de
matrícula na escola municipal Elisa Duboc Garcia, no conjunto João
Rossi, zona sul da cidade.
O requerimento foi entregue pelo vereador Sílvio Martins (PMDB)
com base em denúncia de pais de
alunos que a matrícula só poderia
ser feita mediante o pagamento de
taxa. "Não tenho nada contra o
prefeito, mas cobrança em escola
pública é irregular", disse.
De acordo com o vereador, também será investigado se as outras
escolas municipais e creches estão
exigindo pagamento para permitir
o ingresso de crianças.
A Folha telefonou para a escola
anteontem e foi informada de que
é cobrada a taxa. A funcionária,
que se identificou como Paula,
afirmou que o valor é reduzido
quando a matrícula é para irmãos.
A funcionária informou ainda
que os pais que alegam não poder
pagar são encaminhados para a diretora da escola, Diana Furquin
Rosas.
Pais de alunos ouvidos pela Folha confirmaram haver pressão
para o pagamento da taxa na renovação de matrículas na escola.
O aposentado Tadeu de Melo
disse que sua mulher, Luzia, foi
tentar renovar a matrícula dos três
filhos ontem, mas não conseguiu.
Ela terá de retornar à escola municipal quando tiver R$ 15 para pagar a taxa, segundo ele.
O vizinho de Melo, Odair Govea,
disse que pagou R$ 10 para matricular as duas filhas, Naiara e Aline
Patrícia, na escola do bairro. Se
fosse apenas uma, seria cobrado o
mesmo valor. Segundo Naiara,
que acompanhou a mãe, a funcionária afirmou que, sem o dinheiro,
elas teriam de retornar outro dia
para falar com a diretora.
"A gente teve como pagar, mas
há aqueles que não têm", disse.
Uma dona-de-casa que prefere
não ser identificada afirmou que
foi anteontem à escola para matricular os dois filhos. Viúva e dependente de uma pensão de R$ 320,
ela afirmou não ter condições para
pagar as matrículas e foi orientada
a voltar no dia 12, quando receberá
o dinheiro, para garantir as duas
vagas para o ano que vem.
A diretora da escola nega que esteja obrigando os pais a pagar a taxa. Segundo ela, o valor é uma contribuição voluntária para a APM
(Associação de Pais e Mestres).
Contribuição espontânea
A assessora educacional da Secretaria de Educação de Ribeirão,
Maria Antonia Fernandes Dantas,
afirmou que a colaboração para a
APM é espontânea e não está vinculada à renovação de matrícula.
Segundo ela, geralmente, as escolas estipulam uma taxa para a
associação definida pelo conselho
de escola, formado por pais de alunos, professores e representantes
do bairro. "Se houver polêmica e a
população não concordar com a
taxa, a diretora pode convocar
uma reunião com o conselho para
resolver o problema", disse.
Segundo ela, a taxa tem o objetivo de incitar a participação dos
pais, mas não é obrigatória.
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