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USP "exporta" formação de enfermeiros para a África
Instituição tem 61 formados ou ainda estudantes oriundos de países africanos
Há ainda três mestres e um doutor saídos de Ribeirão; desafio agora é capacitar à distância os profissionais
e aumentar a formação
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
O angolano Manuel Simão,
42, deve a Ribeirão a oportunidade de fazer parte de um grupo seleto em seu país. Até 2005,
ele era um dos únicos 33 enfermeiros de Angola, país vítima
de uma guerra civil só encerrada em 2002. Como ele, todos
eram formados no exterior.
Com a graduação, o mestrado e o doutorado cursados na
USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão, Simão pertence
a outro grupo histórico: o de
profissionais que transformam
a enfermagem na África -em
universidades ou em cargos estratégicos do governo.
Casos assim tornam a USP
um celeiro exportador da formação acadêmica para a enfermagem em um continente carente de profissionais. O foco
são os países africanos de língua portuguesa -Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo
Verde e São Tomé e Príncipe.
A parceria começou em 1987.
Sem enfermeiros, o governo de
Angola procurou a OMS (Organização Mundial da Saúde). Na
época, a USP era um centros
colaboradores do órgão.
Até 1993, a USP formou 18
enfermeiros na graduação. O
currículo precisou ser adaptado. "Nosso curso não tinha licenciatura. Precisamos acrescentar um ano porque, além de
se formarem enfermeiros, eles
precisavam estar aptos a dar
aulas", conta a professora Isabel Amélia Costa Mendes. Ela é
a atual diretora de uma rede
global que reúne 45 centros colaboradores de enfermagem do
mundo para a OMS.
Em 1994, a USP recebeu dois
estudantes de Moçambique.
Em 2006, foram mais quatro
-dois de Angola e dois de Guiné-Bissau. Mas, a partir de
2007, foi firmado um novo convênio para que os africanos cursem só um semestre de estágio
no Brasil. Com isso, já foram
formados mais 41 estudantes.
Na pós-graduação, foram três
mestres e um doutor.
Porém, o resultado do esforço ainda é pequeno. Segundo o
MEC (Ministério da Educação), de 564 africanos em universidades brasileiras neste
ano com bolsa paga pelo Brasil,
só seis cursam enfermagem.
Qualificação
Formados os pioneiros, a enfermagem na África enfrenta
outro desafio: como formar nos
próprios países mais profissionais, oferecer cursos de capacitação permanentes e saber expandir a rede de atenção, a
exemplo do que o SUS (Sistema
Único de Saúde) fez no Brasil.
A USP, como sede da rede
global, tem a tarefa de unir os
45 centros colaboradores, na
Europa e EUA, para que juntos
desenvolvam a enfermagem na
África. Entre as missões, está
ajudar o continente a vencer
problemas cruciais, como a
Aids e as mortalidades infantil
e materna.
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