Ribeirão Preto, Domingo, 06 de Dezembro de 2009

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USP "exporta" formação de enfermeiros para a África

Instituição tem 61 formados ou ainda estudantes oriundos de países africanos

Há ainda três mestres e um doutor saídos de Ribeirão; desafio agora é capacitar à distância os profissionais e aumentar a formação

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

O angolano Manuel Simão, 42, deve a Ribeirão a oportunidade de fazer parte de um grupo seleto em seu país. Até 2005, ele era um dos únicos 33 enfermeiros de Angola, país vítima de uma guerra civil só encerrada em 2002. Como ele, todos eram formados no exterior.
Com a graduação, o mestrado e o doutorado cursados na USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão, Simão pertence a outro grupo histórico: o de profissionais que transformam a enfermagem na África -em universidades ou em cargos estratégicos do governo.
Casos assim tornam a USP um celeiro exportador da formação acadêmica para a enfermagem em um continente carente de profissionais. O foco são os países africanos de língua portuguesa -Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
A parceria começou em 1987. Sem enfermeiros, o governo de Angola procurou a OMS (Organização Mundial da Saúde). Na época, a USP era um centros colaboradores do órgão.
Até 1993, a USP formou 18 enfermeiros na graduação. O currículo precisou ser adaptado. "Nosso curso não tinha licenciatura. Precisamos acrescentar um ano porque, além de se formarem enfermeiros, eles precisavam estar aptos a dar aulas", conta a professora Isabel Amélia Costa Mendes. Ela é a atual diretora de uma rede global que reúne 45 centros colaboradores de enfermagem do mundo para a OMS.
Em 1994, a USP recebeu dois estudantes de Moçambique. Em 2006, foram mais quatro -dois de Angola e dois de Guiné-Bissau. Mas, a partir de 2007, foi firmado um novo convênio para que os africanos cursem só um semestre de estágio no Brasil. Com isso, já foram formados mais 41 estudantes. Na pós-graduação, foram três mestres e um doutor.
Porém, o resultado do esforço ainda é pequeno. Segundo o MEC (Ministério da Educação), de 564 africanos em universidades brasileiras neste ano com bolsa paga pelo Brasil, só seis cursam enfermagem.

Qualificação
Formados os pioneiros, a enfermagem na África enfrenta outro desafio: como formar nos próprios países mais profissionais, oferecer cursos de capacitação permanentes e saber expandir a rede de atenção, a exemplo do que o SUS (Sistema Único de Saúde) fez no Brasil.
A USP, como sede da rede global, tem a tarefa de unir os 45 centros colaboradores, na Europa e EUA, para que juntos desenvolvam a enfermagem na África. Entre as missões, está ajudar o continente a vencer problemas cruciais, como a Aids e as mortalidades infantil e materna.


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