Ribeirão Preto, Domingo, 06 de Dezembro de 2009

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Ex-USP, angolano é hoje formador de profissionais

Manuel Simão é vice-decano de um instituto de enfermagem na capital, Luanda

Outras duas alunas da graduação em Ribeirão Preto pretendem antes fazer especialização para, depois, regressar a Angola

Silva Junior/Folha Imagem
Manuel Simão, vice-decano de instituto de universidade em seu país, em hotel de Ribeirão Preto

DA FOLHA RIBEIRÃO

Então estudante africano em um país-irmão na língua portuguesa, Manuel Simão fez parte de um grupo de 17 colegas que vieram para Ribeirão cursar enfermagem, em 1993. Ele não imaginava que hoje teria papel central na formação de novos profissionais em seu país.
Simão ocupa atualmente o cargo de vice-decano para assuntos científicos do Instituto de Enfermagem da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, capital de Angola.
Ao concluir o curso de graduação, voltou para seu país, onde ficou por três anos. Retornou ao Brasil para se qualificar com um mestrado e um doutorado, concluído em 2005.
"Quando voltei, não tinha ninguém no meu país com mestrado e doutorado. Eu era o único", afirmou.
O ano de 2005 foi também histórico para Angola: formavam-se, enfim, os primeiros 61 enfermeiros no próprio país. Apesar de o instituto ter sido criado em 1990, a guerra civil fez com que a primeira formatura só ocorresse em 2005.
Desde então, a formação se expandiu. Hoje, são cerca de 300 enfermeiros no país, um número, porém, ainda abaixo da necessidade da população, de 18 milhões de habitantes.
Outras duas jovens de Angola querem traçar o mesmo caminho de Simão. Eulália Martins Miguel, 22, e Ana Yara Assis Gaspar, 22, estão no terceiro ano do curso de enfermagem em Ribeirão. Ana Yara diz se lembrar dos tropeços iniciais com a língua. "Temos forma de escrita distinta. Muitas vezes, não entendia o que os professores falavam e eles não me entendiam", disse.
Ela pretende continuar no Brasil, para se especializar na área de urgência e emergência, mas voltará para seu país um dia. "Lá faltam mais quadros na área da saúde e terei muito a contribuir." Como a amiga, Eulália quer antes se especializar em UTI. "Preciso voltar. Meu país precisa de mim."
(JULIANA COISSI)


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