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Ex-USP, angolano é hoje formador de profissionais
Manuel Simão é vice-decano de um instituto de enfermagem na capital, Luanda
Outras duas alunas da graduação em Ribeirão Preto pretendem antes fazer especialização para, depois, regressar a Angola
Silva Junior/Folha Imagem
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Manuel Simão, vice-decano de instituto de universidade em seu país, em hotel de Ribeirão Preto
DA FOLHA RIBEIRÃO
Então estudante africano em
um país-irmão na língua portuguesa, Manuel Simão fez parte
de um grupo de 17 colegas que
vieram para Ribeirão cursar
enfermagem, em 1993. Ele não
imaginava que hoje teria papel
central na formação de novos
profissionais em seu país.
Simão ocupa atualmente o
cargo de vice-decano para assuntos científicos do Instituto
de Enfermagem da Universidade Agostinho Neto, em Luanda,
capital de Angola.
Ao concluir o curso de graduação, voltou para seu país,
onde ficou por três anos. Retornou ao Brasil para se qualificar
com um mestrado e um doutorado, concluído em 2005.
"Quando voltei, não tinha
ninguém no meu país com
mestrado e doutorado. Eu era o
único", afirmou.
O ano de 2005 foi também
histórico para Angola: formavam-se, enfim, os primeiros 61
enfermeiros no próprio país.
Apesar de o instituto ter sido
criado em 1990, a guerra civil
fez com que a primeira formatura só ocorresse em 2005.
Desde então, a formação se
expandiu. Hoje, são cerca de
300 enfermeiros no país, um
número, porém, ainda abaixo
da necessidade da população,
de 18 milhões de habitantes.
Outras duas jovens de Angola
querem traçar o mesmo caminho de Simão. Eulália Martins
Miguel, 22, e Ana Yara Assis
Gaspar, 22, estão no terceiro
ano do curso de enfermagem
em Ribeirão. Ana Yara diz se
lembrar dos tropeços iniciais
com a língua. "Temos forma de
escrita distinta. Muitas vezes,
não entendia o que os professores falavam e eles não me entendiam", disse.
Ela pretende continuar no
Brasil, para se especializar na
área de urgência e emergência,
mas voltará para seu país um
dia. "Lá faltam mais quadros na
área da saúde e terei muito a
contribuir." Como a amiga, Eulália quer antes se especializar
em UTI. "Preciso voltar. Meu
país precisa de mim."
(JULIANA COISSI)
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