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Usinas atuam como bombeiros na região
Preparados principalmente para controlar fogo em canaviais, funcionários das empresas acabam atuando nas cidades
De acordo com o Corpo de Bombeiros, nas cidades sem unidades, Defesa Civil, prefeituras e até indústrias se mobilizam para ajudar
DA ENVIADA ESPECIAL A MORRO AGUDO
Por causa da ausência de serviço do Corpo de Bombeiros
em cerca de 85% das cidades da
região de Ribeirão Preto, funcionários de usinas acabam
cumprindo a função de controlar incêndios em municípios
pequenos ou nas estradas.
João Rodrigues Marques, 58,
motorista de caminhão-pipa da
Usina Carolo, de Pontal, fica de
prontidão em um ponto estratégico da rodovia Anhanguera,
em Orlândia, para combater o
fogo em caso de incêndio. Ele
conta que, dependendo da época do ano, chega a atender até
cinco ocorrências por mês que
nada têm a ver com fogo em
mata ou em canavial, razão
principal de sua função.
As principais cidades atendidas pelo serviço "extra" da usina, segundo Marques, são Pontal, Sales Oliveira, Nuporanga e
Morro Agudo.
"Tem marido que briga com a
mulher e bota fogo na casa, curto-circuito. O mais comum é fogo em casa mesmo", disse. Durante os cerca de 12 anos de serviço, Marques nunca se envolveu em um incêndio com vítima. O caso mais grave, diz, foi
há dois anos, quando uma casa
pegou fogo em uma fazenda.
Para desempenhar a função,
afirma o motorista, a empresa
faz com que ele passe por treinamento duas vezes por ano e
use roupas especiais em ocorrências com fogo. "Mas não dá
para se sentir bombeiro, não.
Eu sou um infantil perto deles."
Para Hélio Aparecido Cornélio, 53, mecânico dos caminhões da Usina Bazan, também
de Pontal, já deveria haver postos do Corpo de Bombeiros em
municípios vizinhos a Orlândia
e Sertãozinho, onde o serviço
existe. "Porque o bombeiro não
atende somente incêndio, também ajuda em resgates."
A Folha não conseguiu contatar por telefone nenhum representante das usinas Bazan
ou Carolo que pudesse comentar o serviço "extra" prestado
pelas empresas a cidades sem
Corpo de Bombeiros.
Na região, mantêm bases ou
postos da corporação somente
as cidades de Ribeirão, Araraquara, São Carlos, Sertãozinho,
Orlândia, Franca, Bebedouro,
Jaboticabal, Matão, Barretos,
Ibitinga, Itápolis, Taquaritinga
e Olímpia.
Segundo Jovelino Barbosa
Lima Filho, comandante do 9º
Grupamento de Bombeiros de
Ribeirão, nas cidades sem
bombeiros existe uma "cultura
de mobilização" que envolve
prefeituras, Defesa Civil e brigadistas de indústrias. "Minimiza a carência dos serviços".
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