Ribeirão Preto, Domingo, 07 de Março de 2010

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Usinas atuam como bombeiros na região

Preparados principalmente para controlar fogo em canaviais, funcionários das empresas acabam atuando nas cidades

De acordo com o Corpo de Bombeiros, nas cidades sem unidades, Defesa Civil, prefeituras e até indústrias se mobilizam para ajudar

DA ENVIADA ESPECIAL A MORRO AGUDO

Por causa da ausência de serviço do Corpo de Bombeiros em cerca de 85% das cidades da região de Ribeirão Preto, funcionários de usinas acabam cumprindo a função de controlar incêndios em municípios pequenos ou nas estradas.
João Rodrigues Marques, 58, motorista de caminhão-pipa da Usina Carolo, de Pontal, fica de prontidão em um ponto estratégico da rodovia Anhanguera, em Orlândia, para combater o fogo em caso de incêndio. Ele conta que, dependendo da época do ano, chega a atender até cinco ocorrências por mês que nada têm a ver com fogo em mata ou em canavial, razão principal de sua função.
As principais cidades atendidas pelo serviço "extra" da usina, segundo Marques, são Pontal, Sales Oliveira, Nuporanga e Morro Agudo.
"Tem marido que briga com a mulher e bota fogo na casa, curto-circuito. O mais comum é fogo em casa mesmo", disse. Durante os cerca de 12 anos de serviço, Marques nunca se envolveu em um incêndio com vítima. O caso mais grave, diz, foi há dois anos, quando uma casa pegou fogo em uma fazenda.
Para desempenhar a função, afirma o motorista, a empresa faz com que ele passe por treinamento duas vezes por ano e use roupas especiais em ocorrências com fogo. "Mas não dá para se sentir bombeiro, não. Eu sou um infantil perto deles."
Para Hélio Aparecido Cornélio, 53, mecânico dos caminhões da Usina Bazan, também de Pontal, já deveria haver postos do Corpo de Bombeiros em municípios vizinhos a Orlândia e Sertãozinho, onde o serviço existe. "Porque o bombeiro não atende somente incêndio, também ajuda em resgates."
A Folha não conseguiu contatar por telefone nenhum representante das usinas Bazan ou Carolo que pudesse comentar o serviço "extra" prestado pelas empresas a cidades sem Corpo de Bombeiros.
Na região, mantêm bases ou postos da corporação somente as cidades de Ribeirão, Araraquara, São Carlos, Sertãozinho, Orlândia, Franca, Bebedouro, Jaboticabal, Matão, Barretos, Ibitinga, Itápolis, Taquaritinga e Olímpia.
Segundo Jovelino Barbosa Lima Filho, comandante do 9º Grupamento de Bombeiros de Ribeirão, nas cidades sem bombeiros existe uma "cultura de mobilização" que envolve prefeituras, Defesa Civil e brigadistas de indústrias. "Minimiza a carência dos serviços".


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