Ribeirão Preto, Sábado, 08 de Janeiro de 2011

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Justiça manda e sem-terra deixam área

Famílias do MST ocupavam havia 2 dias trecho da fazenda Martinópolis, em Serrana, que pertence a usina

Discussão sobre a saída durou toda a manhã de ontem; ação pacífica envolveu 70 PMs e ainda 20 carros policiais

DE RIBEIRÃO PRETO

Um oficial de Justiça, acompanhado de policiais militares, cumpriu na manhã de ontem o mandado de reintegração de posse de uma área que foi invadida há dois dias por um grupo de famílias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Serrana. A operação reuniu cerca de 20 carros policiais e 70 PMs. A Fazenda Martinópolis, alvo da ocupação, pertence à usina de mesmo nome, cujo prédio está arrendado para a Usina Nova União. Em dois dias, só foram erguidos na área invadida aproximadamente dez barracos de lona. O oficial de Justiça chegou cedo ao acampamento, que foi chamado pelos militantes de Alexandra Kollontai. A discussão com os militantes se estendeu por toda a manhã, envolvendo militantes e o oficial de Justiça. Um representante da usina também esteve no local e mostrou um documento, alegando que a área ocupada, uma estrada, não era municipal, mas pertencia à usina. O prazo para a desocupação vencia às 11h, mas somente uma hora depois as famílias sem-terra concordaram em retirar os barracos. A solução encontrada apenas foi transpor os barracos de lona para o outro lado da cerca, na fazenda vizinha, Santa Clara. Na fazenda fica o assentamento do MST chamado Sepé Tiarajú, já regularizado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Segundo o movimento, o grupo tem aproximadamente 300 pessoas -a PM estima cerca de 70 pessoas. Guê de Oliveira, militante do MST e assentada na Fazenda da Barra, em Ribeirão Preto, afirmou que a desocupação do local pelo movimento aconteceu de forma pacífica. As famílias deverão ficar na área da Santa Clara. Segundo o movimento, a fazenda Martinópolis foi escolhida como forma de pressionar o Estado e o governo federal para liberar a terra para a reforma agrária. O argumento é o de que a usina tem dívidas de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O movimento diz ainda que as dificuldades financeiras da usina, com demissão de funcionários e atraso no pagamento de salários, mostram que a terra poderia ser destinada à reforma agrária. A reportagem tentou ouvir durante a tarde de ontem a defesa da Martinópolis, mas nenhum representante foi localizado para comentar as críticas à empresa.
(JULIANA COISSI)
Colaborou SILVA JÚNIOR, enviado especial a Serrana


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