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Araraquara deve R$ 10 mi a professores
Valor é calculado pelo sindicato e é referente à jornada complementar feita por docentes efetivos desde 2003
Prefeitura disse que não tem mais como recorrer da decisão e que vai pagar o valor a ser fixado pela Justiça
DE RIBEIRÃO PRETO
A Prefeitura de Araraquara
deve pagar aos professores
efetivos o valor de hora extra
referente à carga suplementar feita desde 2003. O valor
estimado é de R$ 10 milhões.
A ação coletiva foi movida
pelo Sismar (Sindicato dos
Servidores Municipais de
Araraquara) e a Justiça deu
parecer favorável em primeira e segunda instâncias.
A determinação obriga o
pagamento retroativo nos últimos cinco anos a partir da
data do protocolo da ação,
em setembro de 2008.
"Tudo que estiver como
carga suplementar no holerite do professor terá que ser
pago com o adicional de
50%. Estimamos que o valor
que deve ser pago ultrapasse
os R$ 10 milhões", disse o
presidente do sindicato, Valdir Teodoro Filho.
Segundo ele, as horas a
mais que os professores assumiam para suprir afastamentos eventuais de outros
docentes eram pagas com o
valor de horas simples.
Porém, no entendimento
da entidade, o adicional se
caracterizava como hora extra e, por isso, deveria ser pago com valor superior.
"Não importa como eles
chamam. A legislação é clara, se a hora excede o que
prevê o regime celetista, é hora extra e, por isso, tem que
ter remuneração equivalente", disse Teodoro Filho.
Não há o número de docentes que serão beneficiados, mas a estimativa, segundo Teodoro Filho, é que o pagamento seja feito para cerca
de mil professores.
Hoje, a rede tem cerca de
960 profissionais contratados, o que inclui ensino infantil e fundamental.
O sindicalista disse que,
antes da ação coletiva, houve
professores que acionaram a
Justiça individualmente e, na
época, a prefeitura teve que
desembolsar até R$ 60 mil
para cada um dos docentes.
No início do ano letivo, a
valor da hora-aula paga aos
professores de ensino infantil era de R$ 7,15 e de ensino
fundamental, R$ 8,38 -o valor foi reajustado em 5% em
maio e vigora neste mês.
O fim da carga suplementar, segundo a Secretaria da
Educação, foi determinado
no começo deste ano. A extinção das horas é apontada
pela pasta como um dos
agravantes da crise na rede
municipal de educação.
A cidade sofre com falta de
professores desde o início do
ano letivo. De acordo com o
secretário da Educação, Antônio Martins, a extinção das
horas complementares dificultou para a rede suprir os
afastamentos eventuais.
As horas a mais eram utilizadas por docentes contratados para cobrir "janelas" de
professores que tiravam licenças de até 15 dias.
O professor podia pegar
aulas em um limite de 40 horas por semana na escola,
nas aulas que escolhesse, para substituir o docente temporariamente afastado.
PROCESSO
A prefeitura aguarda o andamento do processo, mas
disse que vai pagar as horas,
segundo o secretário de Negócios Jurídicos, Ricardo José dos Santos.
"Quando sair a liquidação
da sentença, saberemos o valor exato e fazer a negociação
do pagamento. Não sei precisar o valor, mas acredito que
é alto, na casa dos milhões."
Santos disse que o município recorreu outras vezes e
que, agora, terá de cumprir.
(LIGIA SOTRATTI)
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