Ribeirão Preto, Quinta-feira, 08 de Outubro de 2009

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Jovens, novos inspetores de escolas não são capacitados

Denúncia da Apeoesp é que concursados se misturam aos alunos para bater papo

Estado admite que não deu curso de formação, mas diz que escolhidos ainda estão em fase de experiência; Ribeirão contratou 218


Márcia Ribeiro/Folha Imagem
Alunos da Glete de Alcântara, em Ribeirão; turmas foram dispensadas por falta de professor

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os novos inspetores de escola, selecionados em concurso público para repor a falta de funcionários da rede estadual, não passaram por processo de capacitação. Segundo a Apeoesp, sindicato que representa os professores, escolas reclamam que alguns escolhidos, muito jovens, deixam de aplicar a disciplina para bater papo com os alunos.
A Secretaria de Estado da Educação, via assessoria de imprensa, admite que não houve curso de formação para o cargo, mas disse que os inspetores passam por estágio probatório de três anos e podem ser desligados, se houver problemas.
Em janeiro, o Estado realizou o concurso para o cargo de agente de organização escolar -nas funções de inspetor de alunos ou atividade administrativa. Na Diretoria de Ribeirão, foram preenchidas 218 vagas. No Estado, o concurso preencheu 11.749 vagas.
De acordo com o diretor regional da Apeoesp, José Wilson de Souza Maciel, a entidade recebeu reclamações de professores de escolas como a Glete de Alcântara, no Parque Ribeirão. Para lá, foram designados seis novos inspetores, alguns deles com cerca de 20 anos.
"Os inspetores são muito novos, quase da idade dos alunos. Muitos ficam mais misturado com os alunos, namorando ou batendo papo do que cuidando deles", disse Maciel.
Outro problema é a desistência: alguns inspetores desistiram do trabalho após poucos meses. É o caso de dois inspetores da escola José Lima Pedreira de Freitas, na Vila Virgínia.
"Eles prestam o concurso achando que é um tipo de serviço mais fácil e desistem quando se deparam com um amontoado de alunos, nas escolas lotadas", disse o professor da Mauro Inácio, também membro da direção da Apeoesp.
O salário é de R$ 654,86. Os inspetores começaram a ser convocados em maio deste ano para suprir uma carência. Como a Folha divulgou naquele mês, havia diretores que recebiam alunos no portão e professores que serviam o lanche e varriam as salas.


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