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USP identifica 17 novas ossadas humanas
Maior parte dos esqueletos que chegam ao Centro de Medicina Legal é achada em lavouras de cana-de-açúcar da região
Equipe do Cemel consegue identificar sexo, cor, estatura, idade e até se é destro ou canhoto apenas pela "leitura" dos ossos
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Cemel (Centro de Medicina Legal), vinculado à USP
(Universidade de São Paulo) de
Ribeirão, descobriu a identidade de 17 novas ossadas humanas nos últimos dois anos. Mas
ainda continuam no instituto
29 esqueletos de pessoas mortas na região sem que seus nomes tenham sido descobertos.
Desde o início do projeto, em
2000, o Cemel identificou 65
corpos. A maioria é vítima de
homicídio cujos corpos foram
achados em lavouras de cana.
"A região, por ter essa característica de canavial, é uma área
típica de desova", disse Marco
Aurélio Guimarães, responsável pelo laboratório de antropologia forense do Cemel.
Um dos últimos casos divulgados, em 2007, envolveu as ossadas dos jovens Leandro Aparecido Rodrigues, Cleyton Nunes e Juliano Nunes, cujos corpos foram encontrados em
1998 em um canavial da Usina
Albertina, em Sertãozinho.
As técnicas empregadas pelo
Cemel permitem identificar
em uma ossada sexo, idade
aproximada, estatura, destreza
manual (se é destro ou canhoto) e até se a pessoa tinha dor
próxima ao ouvido quando
mastigava, a partir da situação
e do desgaste dos ossos.
Neste ano, seis ossadas foram
investigadas pelo Cemel e há
outras duas novas à espera de
análise. Segundo Guimarães, as
identidades das ossadas não foram desvendadas em sua maioria porque nem sempre a família aparece para procurar um
ente desaparecido.
A família é fundamental, por
exemplo, para informar o histórico médico do paciente com
a constatação feita na ossada,
como uma fratura na perna ou
um tratamento dentário.
É o caso de um pintor encontrado enterrado em um barraco
de uma favela, em 2007. Revelar o nome foi possível porque o
estudo do esqueleto apontou
uma calcificação no osso do
ombro -a família confirmou
que o parente tinha um problema congênito no local.
O apoio dado pelo Cemel é
relevante para o trabalho da
Polícia Civil, segundo o diretor
do Núcleo de Perícia Médico-Legista do Deinter-3, José
Eduardo Velludo. "Se for uma
morte violenta, a partir da
identificação da vítima podemos chegar à identidade."
Descrição das ossadas
www.rpm.fmrp.usp.br/pages/ossadas/
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