Ribeirão Preto, Domingo, 08 de Novembro de 2009

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USP identifica 17 novas ossadas humanas

Maior parte dos esqueletos que chegam ao Centro de Medicina Legal é achada em lavouras de cana-de-açúcar da região

Equipe do Cemel consegue identificar sexo, cor, estatura, idade e até se é destro ou canhoto apenas pela "leitura" dos ossos

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

O Cemel (Centro de Medicina Legal), vinculado à USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão, descobriu a identidade de 17 novas ossadas humanas nos últimos dois anos. Mas ainda continuam no instituto 29 esqueletos de pessoas mortas na região sem que seus nomes tenham sido descobertos.
Desde o início do projeto, em 2000, o Cemel identificou 65 corpos. A maioria é vítima de homicídio cujos corpos foram achados em lavouras de cana.
"A região, por ter essa característica de canavial, é uma área típica de desova", disse Marco Aurélio Guimarães, responsável pelo laboratório de antropologia forense do Cemel.
Um dos últimos casos divulgados, em 2007, envolveu as ossadas dos jovens Leandro Aparecido Rodrigues, Cleyton Nunes e Juliano Nunes, cujos corpos foram encontrados em 1998 em um canavial da Usina Albertina, em Sertãozinho.
As técnicas empregadas pelo Cemel permitem identificar em uma ossada sexo, idade aproximada, estatura, destreza manual (se é destro ou canhoto) e até se a pessoa tinha dor próxima ao ouvido quando mastigava, a partir da situação e do desgaste dos ossos.
Neste ano, seis ossadas foram investigadas pelo Cemel e há outras duas novas à espera de análise. Segundo Guimarães, as identidades das ossadas não foram desvendadas em sua maioria porque nem sempre a família aparece para procurar um ente desaparecido.
A família é fundamental, por exemplo, para informar o histórico médico do paciente com a constatação feita na ossada, como uma fratura na perna ou um tratamento dentário.
É o caso de um pintor encontrado enterrado em um barraco de uma favela, em 2007. Revelar o nome foi possível porque o estudo do esqueleto apontou uma calcificação no osso do ombro -a família confirmou que o parente tinha um problema congênito no local.
O apoio dado pelo Cemel é relevante para o trabalho da Polícia Civil, segundo o diretor do Núcleo de Perícia Médico-Legista do Deinter-3, José Eduardo Velludo. "Se for uma morte violenta, a partir da identificação da vítima podemos chegar à identidade."


Descrição das ossadas
www.rpm.fmrp.usp.br/pages/ossadas/


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