Ribeirão Preto, Segunda-feira, 09 de Fevereiro de 2009

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Citrosuco demite 160 em Bebedouro e fecha moagem

Trabalhadores foram despedidos por carta e telefone; corte deve chegar a 200

Fábrica só manterá setor de armazenamento de suco; 240 temporários deixarão de ser admitidos para a próxima safra, em junho

Marco Antônio dos Santos/"Gazeta de Bebedouro"
Fachada da Citrosuco, em Bebedouro; unidade é uma das três do grupo

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Citrosuco, segunda maior produtora de suco de laranja do país e uma das que controlam o mercado mundial, demitiu anteontem cerca de 160 funcionários da unidade de Bebedouro, mas o número de cortes deve chegar a 200. Os trabalhadores souberam da demissão por telegrama e por telefone.
A fábrica, com unidades em Matão e Limeira, vai fechar sua linha de produção, só mantendo a armazenagem e a refrigeração do suco já processado. Além dos contratados, sem a moagem, a unidade deixará de admitir mais 240 funcionários temporários durante a safra, que começa em junho.
De amanhã até sexta-feira, a empresa deve fazer a rescisão dos contratos com os funcionários. Oficialmente, a assessoria de imprensa da Citrosuco não confirmou o fechamento, mas a informação foi apurada pela Folha junto a funcionários e à prefeitura.
Anteontem, após reunião com diretores da empresa, membros do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentos reuniram-se com o prefeito João Bianchini (PV) para comunicar as demissões.
O prefeito e o vice, Gustavo Spido, publicam hoje uma carta aberta, se solidarizando com os demitidos. "O mais significativo é o número de empregos que a empresa deixa de oferecer. Sobre a arrecadação, não sabemos ainda se vai afetar, porque a empresa vai manter o armazenamento", disse Spido.
Membros do sindicato, procurados pela Folha nos últimos dois dias, disseram que só hoje vão se pronunciar. Funcionários demitidos disseram que já havia boatos de cortes e que a razão alegada por gerentes é de que a safra foi aquém do esperado, deixando a fábrica ociosa (leia texto abaixo).
A Citrosuco pertence ao grupo das quatro gigantes brasileiras -Cutrale, Louis Dreyfus Commodities e Citrovita são as outras- que controlam 80% o mercado mundial.
A Citrosuco e a líder do mercado, Cutrale, respondem cada uma por 30% das exportações de suco do país e, juntas, processam 80% da laranja cultivada no Estado. No ano passado, as exportações de laranja alcançaram US$ 2 bilhões.
Segundo o presidente da Associtrus (Associação Brasileira dos Citricultores), Flávio Viegas, já existia o boato de que a unidade em Bebedouro da Citrosuco deveria fechar. "Na fábrica vinham sendo mantidos só os funcionários operacionais, sem fazer manutenção, só remendos, para deixar a fábrica funcionando."
A safra que se encerra neste ano foi 30% menor que a anterior, quando foram produzidas 360 milhões de caixas de laranja em todo o Estado. E a previsão, segundo Viegas, é que a próxima safra deverá se manter semelhante à atual.
Além dos funcionários, devem sofrer os produtores de laranja da região norte e nordeste do Estado, principal polo produtor. É onde localizam-se 45% dos 7 mil a 10 mil citricultores paulistas. O prejuízo é enorme, na opinião de Viegas. "Para a citricultura, é uma demonstração clara de que em um dos poucos setores econômicos que o Brasil domina, começa a perder espaço, é um baque seríssimo."


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