Ribeirão Preto, Sábado, 09 de Maio de 2009

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Credores rejeitam duas propostas e adiam, de novo, venda do Gimenes

Decisão, encabeçada por bancos, abre caminho para outros interessados

ROBERTO MADUREIRA
ENVIADO A SERTÃOZINHO

Os credores relacionados no processo de recuperação judicial da rede de supermercados Gimenes, de Sertãozinho, rejeitaram ontem, em assembleia, as duas propostas de venda do grupo feitas pela rede francesa Carrefour e pelo Ricoy.
O motivo, segundo os credores ouvidos pela Folha, é que ambas são "muito ruins".
A decisão foi encabeçada pelos representantes de bancos presentes -Safra, Ribeirão Preto, HSBC e Citibank-, que detêm maior volume de crédito e maior força de voto.
A decisão precisa de maioria absoluta de votos por credor e em volume de crédito em cada uma das duas classes de credores, os sem e os com garantia.
Pela decisão de ontem, a assembleia foi suspensa e remarcada novamente. A decisão sobre o futuro da rede, a maior do interior em número de lojas, ficou para a próxima quarta.
Para a nova reunião, ficou acordado que o Ricoy perde a prioridade de compra e abre para novas de propostas de outras empresas. A expectativa dos credores é que pelo menos as duas propostas já apresentadas sejam aumentadas.
"Decidimos que não aceitaríamos nenhuma [proposta], pois assim forçamos eles a melhorá-las", afirmou Luiz Gilberto Bitar, advogado representante do Banco Safra.
A proposta do Carrefour prevê pagamento à vista no valor entre R$ 46 milhões e R$ 55 milhões pela abertura de número de lojas que varia de 12 a 22 das 23 que tinha o Gimenes. Os franceses prometeram recontratar 55% da mão-de-obra de 1.700 funcionários.
Ontem, os credores foram informados que a proposta do Carrefour sequer havia sido protocolada como oficial, portanto, era apenas uma estimativa. "É como se eu te vendesse uma camisa e, depois de usar, você me dissesse o quanto pagaria por ela", disse o advogado Samuel Pasquim, que representa dois fornecedores.
O Ricoy, em sua intenção, oferece R$ 80 milhões parcelados em 96 vezes e prevê a reabertura de todas as lojas. Neste caso, até 80% dos trabalhadores seriam recontratados.
Na votação por credor, o grupo paulistano, sexto maior do Estado, com 59 lojas, recebeu cerca de 80 votos, insuficientes para a aquisição. Os franceses não receberam nenhum.
"Tentamos adequações, mas os dois interessados se mantiveram irredutíveis. Tentamos muito, mas não deu", disse a advogada Cristiani Herédio, da rede Francói de utensílios.
O Gimenes, em recuperação desde dezembro, deve cerca de R$ 165 milhões. Do total, cerca de R$ 99 milhões são com fornecedores, justamente os que arcariam com o prejuízo em ambas as propostas.


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