Ribeirão Preto, Terça-feira, 10 de Agosto de 2010

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Mãe de morta a tiros processará Estado Família de Claudete Justino, assassinada pelo ex-marido, diz que Justiça foi omissa por não prendê-lo a tempo

Santos deu dois tiros na ex-mulher e se matou; polícia havia pedido prisão preventiva, que foi negada pelo juiz


JULIANA COISSI
ENVIADA A SANTA ROSA DE VITERBO

A família da comerciante Claudete Justino, 38, que foi morta a tiros pelo ex-marido em Santa Rosa de Viterbo, pretende processar o Estado sob acusação de omissão.
A mãe de Claudete, Marieta Soares de Souza, 55, diz que a polícia pediu a prisão preventiva de Lourival dos Santos, 56, mas a Justiça negou. O Estado disse que se pronunciará após notificado.
Há exatamente uma semana, Santos deu dois tiros na cabeça de Claudete e depois suicidou-se. O crime ocorreu na casa onde eles viviam antes da separação.
Eles estavam juntos havia sete anos, mas só neste ano ela contou à família que estava infeliz e que se sentia explorada pelo ex-marido na administração dos dois bares que possuíam.
Até então, o que Marieta, que morava aos fundos de um dos bares, ouvia era choros da filha e telefonemas em que Santos a maltratava.
Após a separação, em junho, a família conta que o acusado começou a ameaçar Claudete. A comerciante chegou a registrar dois boletins de ocorrência. No último, no final de junho, contou que o ex-marido a ameaçou com uma arma dentro do bar.
O delegado Adalberto Gonini pediu a prisão preventiva de Santos com base no relato da vítima. Ele foi levado por PMs até a delegacia onde aguardou a decisão judicial.
O juiz Alexandre César Ribeiro argumenta que não havia elementos concretos para se decretar a prisão, já que nenhuma arma foi encontrada e não havia testemunhas.
O juiz disse à Folha, ainda, que o boletim de ocorrência não trazia nenhum histórico de violência. Ribeiro decretou, com base na Lei Maria da Penha, que Santos se afastasse dela sob pena de ser preso.
Um mês depois, porém, o ex-marido atraiu a vítima para sua casa e a matou. Ele deixou uma carta em que confessa o assassinato, pede desculpas a Deus e culpa a família da vítima pelo desfecho da história.
"Eu acho que teve falha, sim, da Justiça. Prova como, queria a Justiça, se ele negava tudo, mas entre quatro paredes fazia o que queria?", diz a mãe, Marieta.
Ontem, em sua casa, Marieta era consolada por Maria Aparecida da Silva, 55, que foi mulher de Santos antes de Claudete. Ela conta também ter sido ameaçada por ele quando se separou.
"Apanhei muito, não gosto nem de me lembrar, é passado. Nunca registrei BO por ter medo dele."


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