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ESTRADAS
Motoristas de ônibus afirmam que chuva e sujeira na Anhanguera causaram tragédia em Aramina
Polícia e DNER apuram falha humana em acidente que matou 13 em rodovia
ALESSANDRO BRAGHETO
enviado especial a Aramina
A Polícia Civil e o DNER (Departamento Nacional de Estradas
de Rodagem) investigam a possibilidade de falha humana como a
principal causa do acidente com
um ônibus de turismo que matou
13 pessoas e feriu 31 anteontem.
O ônibus, que pertence à empresa Line Tour, tombou no km
427 da rodovia Anhanguera, em
Aramina (140 km de Ribeirão
Preto). O veículo levava 46 pessoas, a maioria idosa, de São Paulo para Caldas Novas, uma estância de águas quentes em Goiás.
A polícia abriu inquérito para
apurar as causas do acidente e ouviu ontem os dois motoristas, que
se revezavam no volante.
Ambos negaram imperícia e
disseram que a forte chuva na hora do acidente -4h20 de anteontem- causou o tombamento do
veículo, que caiu de uma altura de
sete metros ao sair da pista.
O DNER também já abriu processo administrativo para avaliar
as causas do acidente.
Deuzedir Martins, 57, diretor
estadual do órgão, disse que está
aguardando a documentação da
polícia para decidir se punirá ou
não a empresa de turismo.
"Dependendo do que for concluído, a empresa será chamada
para prestar esclarecimentos e
poderá perder seu cadastramento
junto ao órgão", disse Martins.
A Line Tour está cadastrada no
órgão e tinha autorização para
realizar a viagem a Caldas Novas,
segundo o diretor.
A Folha apurou que o órgão trabalha com a hipótese de o motorista ter dormido no volante como a principal causa do acidente,
já que o trecho onde ocorreu o
tombamento está em boas condições e no horário em que aconteceu não havia trânsito.
O gerente da Line Tour, Romas
Saldys, 59, disse que o acidente
ocorreu por causa da chuva, mas
não descarta a possibilidade de o
motorista ter cochilado.
O motorista Oswaldo Mendes
Ferreira, 50, disse à Folha que a
forte chuva e a sujeira na pista fizeram com que o veículo tombasse. "Me esforcei de todas as formas para manter o ônibus na estrada, mas o vento era muito forte
e a pista, muito inclinada."
Ele prestou depoimento de quase uma hora à polícia ontem. Se
for confirmada a falha humana,
ele pode ser indiciado por negligência ou imprudência.
"Lamento por tudo o que aconteceu, pois conhecia a maioria dos
passageiros. Mesmo chocado,
quero voltar a dirigir."
O outro motorista, Célio Aparecido Ferreira, 32, disse que houve
revezamento. "Paramos por volta
da meia-noite em Limeira e nenhum de nós ingeriu bebida alcoólica."
Segundo Ferreira, durante as
duas horas em que dirigiu o veículo, entre São Paulo e Limeira,
não notou nenhum problema
mecânico no ônibus.
O delegado Wilson dos Santos
Pio, 33, espera para a próxima semana o resultado da perícia e dos
laudos, incluindo a análise do tacógrafo e o exame de dosagem alcoólica dos motoristas.
Confusão
A lista oficial com a relação dos
nomes e idades dos 13 mortos foi
divulgada apenas ontem.
A primeira lista, que saiu às
19h30 de anteontem, trazia o nome da aposentada Florinda dos
Santos.
Às 23h30, no entanto, a polícia
descobriu que a vítima fatal era
Angelina de Francisco Maria.
Segundo o delegado, os corpos
estavam desfigurados e houve demora no reconhecimento, além
de ter ocorrido confusão com os
documentos de identidade.
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