Ribeirão Preto, Sábado, 11 de setembro de 1999

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ESTRADAS
Motoristas de ônibus afirmam que chuva e sujeira na Anhanguera causaram tragédia em Aramina
Polícia e DNER apuram falha humana em acidente que matou 13 em rodovia

ALESSANDRO BRAGHETO
enviado especial a Aramina

A Polícia Civil e o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) investigam a possibilidade de falha humana como a principal causa do acidente com um ônibus de turismo que matou 13 pessoas e feriu 31 anteontem.
O ônibus, que pertence à empresa Line Tour, tombou no km 427 da rodovia Anhanguera, em Aramina (140 km de Ribeirão Preto). O veículo levava 46 pessoas, a maioria idosa, de São Paulo para Caldas Novas, uma estância de águas quentes em Goiás.
A polícia abriu inquérito para apurar as causas do acidente e ouviu ontem os dois motoristas, que se revezavam no volante.
Ambos negaram imperícia e disseram que a forte chuva na hora do acidente -4h20 de anteontem- causou o tombamento do veículo, que caiu de uma altura de sete metros ao sair da pista.
O DNER também já abriu processo administrativo para avaliar as causas do acidente.
Deuzedir Martins, 57, diretor estadual do órgão, disse que está aguardando a documentação da polícia para decidir se punirá ou não a empresa de turismo.
"Dependendo do que for concluído, a empresa será chamada para prestar esclarecimentos e poderá perder seu cadastramento junto ao órgão", disse Martins.
A Line Tour está cadastrada no órgão e tinha autorização para realizar a viagem a Caldas Novas, segundo o diretor.
A Folha apurou que o órgão trabalha com a hipótese de o motorista ter dormido no volante como a principal causa do acidente, já que o trecho onde ocorreu o tombamento está em boas condições e no horário em que aconteceu não havia trânsito.
O gerente da Line Tour, Romas Saldys, 59, disse que o acidente ocorreu por causa da chuva, mas não descarta a possibilidade de o motorista ter cochilado.
O motorista Oswaldo Mendes Ferreira, 50, disse à Folha que a forte chuva e a sujeira na pista fizeram com que o veículo tombasse. "Me esforcei de todas as formas para manter o ônibus na estrada, mas o vento era muito forte e a pista, muito inclinada."
Ele prestou depoimento de quase uma hora à polícia ontem. Se for confirmada a falha humana, ele pode ser indiciado por negligência ou imprudência.
"Lamento por tudo o que aconteceu, pois conhecia a maioria dos passageiros. Mesmo chocado, quero voltar a dirigir."
O outro motorista, Célio Aparecido Ferreira, 32, disse que houve revezamento. "Paramos por volta da meia-noite em Limeira e nenhum de nós ingeriu bebida alcoólica."
Segundo Ferreira, durante as duas horas em que dirigiu o veículo, entre São Paulo e Limeira, não notou nenhum problema mecânico no ônibus.
O delegado Wilson dos Santos Pio, 33, espera para a próxima semana o resultado da perícia e dos laudos, incluindo a análise do tacógrafo e o exame de dosagem alcoólica dos motoristas.

Confusão
A lista oficial com a relação dos nomes e idades dos 13 mortos foi divulgada apenas ontem.
A primeira lista, que saiu às 19h30 de anteontem, trazia o nome da aposentada Florinda dos Santos.
Às 23h30, no entanto, a polícia descobriu que a vítima fatal era Angelina de Francisco Maria.
Segundo o delegado, os corpos estavam desfigurados e houve demora no reconhecimento, além de ter ocorrido confusão com os documentos de identidade.



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